Brasil

Familiares e amigos se despedem de Édison Zenóbio, em Belo Horizonte

Diretor-geral do Estado de Minas foi lembrado pelas pessoas presentes ontem no velório no Parque da Colina pelo seu pioneirismo no jornalismo e na publicidade

Paula Carolina, Bertha Maakaroun/Estado de Minas
postado em 01/06/2015 09:57
Prêmio concedido à empresas que se destacaram no setor imobiliário em 2014, no Teatro Bradesco, leva seu nomeFamiliares e amigos, políticos, jornalistas e empresários dos setores publicitário e imobiliário prestaram ontem a última homenagem ao diretor-geral do Estado de Minas, Édison Zenóbio, cabecel do condomínio dos Diários Associados e presidente da Fundação Assis Chateaubriand. Internado durante uma semana no Mater Dei, ele morreu na noite de sábado, aos 84 anos, em decorrência de choque séptico e hematoma subdural agudo, depois de sofrer uma queda.

Ao longo do dia, centenas de pessoas se despediram dele no Memorial do Parque da Colina. Carisma, lealdade e simplicidade de Zenóbio, bem como seu dinamismo e olhar visionário, foram destacados por todos. O corpo foi cremado por volta das 16h, depois de uma missa.

;Foram 70 anos de trabalho. Destes, 60 dedicados aos Diários Associados, ao jornalismo e à publicidade. Uma pessoa íntegra, conhecida em Belo Horizonte e no Brasil pelas posições corretas que tomava. Nunca ouvi ninguém falar nada contra ele. Só tenho realmente que ressaltar, como filho, o que ele fez pela sociedade. Vai deixar saudade na família e no meio profissional, com certeza. Humano é a palavra que define bem o meu pai;, ressaltou o filho caçula, Eduardo Normand Zenóbio.

;É um dia muito triste. Fomos companheiros por mais de 50 anos, com contato diário e sempre ameno;, destacou o diretor-presidente do Estado de Minas, Álvaro Teixeira da Costa. Ele lembrou que, nessa longa amizade, nunca tiveram nenhum tipo de atrito. ;Ele foi um pioneiro na publicidade, apaixonado pelo jornal Estado de Minas. Representa uma perda não só para os Diários Associados, mas para Minas Gerais e o Brasil.;

Para o diretor-executivo do EM, Geraldo Teixeira da Costa Neto, a dor é grande para os Diários Associados e para quem conviveu com Édison Zenóbio. ;A lembrança que tenho é a mais positiva possível. Trouxe sua palavra, sua experiência para a nossa geração. E foi pioneiro no que fez. Vou me lembrar dele como a pessoa que sempre tinha a palavra certa nas horas difíceis. Ele nos incentivava a dar a volta por cima e tinha sabedoria para tomar decisões;, afirmou. ;O Zenóbio era um visionário. Era uma pessoa à frente do seu tempo. E como companheiro de trabalho, tenho a dizer que foi das pessoas mais bondosas que tive a oportunidade de conhecer: estava sempre pronto a ensinar e a orientar. Não havia quem não gostasse dele;, acrescentou o diretor de publicidade do EM, Mário Neves.

Responsável pela afirmação dos segmentos publicitário e imobiliário em Minas, Zenóbio deixou muitos amigos entre empresários dos dois setores. ;Zenóbio foi uma das principais personalidades da propaganda em Minas;, comentou Simão Lacerda, fundador da LF Publicidade, ao lado do filho André Vidigal Cavalcanti de Lacerda, hoje presidente da empresa e do Sindicato das Agências de Propaganda (Sinapro Minas Gerais). De outra geração, André observou que Zenóbio foi um ícone do setor da publicidade, colaborando com sua presença dinâmica. ;Posso dizer que sua morte é o fim de um ciclo.;



No setor imobiliário não foi diferente, já que ele ajudou a fundar a Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-MG). ;O carisma do Zenóbio era personalístico. Falava pouco, ouvia muito. Tinha uma colocação sempre oportuna. Dava respostas inteligentes sem ofender ninguém;, enfatizou o empresário Maurício Chebly, que, com a ajuda de Édison Zenóbio, foi o fundador da CMI. Outro empresário do setor, o atual presidente da CMI, Otimar Bicalho, ressaltou a amizade com Zenóbio herdada do pai, o ex-vereador Mário Bicalho. ;A convivência é antiga. Ele tinha uma relação muito forte com meu pai. Sempre dava a mão em tudo o que era preciso. Continuei muito ligado a ele. E depois acabei, pelos ciclos da vida, sendo o presidente da CMI, que ele ajudou a fundar. É uma perda muito grande para o jornalismo, para a imprensa de modo geral, e para nós;, finalizou.

Políticos
A morte de Zenóbio também foi lamentada por políticos de vários partidos, entre eles o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP). ;Ele foi uma grande figura humana, reconhecida no jornalismo e na publicidade, que fez brilhante carreira nos Diários Associados.; Pinto Coelho considera Zenóbio um ícone e acredita que ele deixará entre nós seu grande exemplo. O ex-ministro Hélio Costa (PMDB) lembrou que Zenóbio foi seu primeiro chefe quando ele iniciava a carreira como repórter do Diário da Tarde. ;Foi meu primeiro grande mestre, com quem sempre tive uma relação de cordialidade.; O ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) também considerou Zenóbio um marco da imprensa mineira. ;Ele teve uma trajetória muito importante no desenvolvimento de Minas Gerais.;

No meio publicitário, costumava ser chamado de ;guerreiro da propaganda;. E não havia batalhas que bastassem a Édison Zenóbio, esse mineiro de Belo Horizonte que, já na década de 90, lutava contra o então anonimato da publicidade. Naquela época em que as agências ainda engatinhavam, já descrevia a ;magia que insufla os olhares; e, com ela, impulsionava a diversificação da economia mineira.

Zenóbio conseguiu dar visibilidade e corpo à publicidade em Minas;A publicidade é um dos maiores bens da nossa época, insufla nossos olhares, dá dimensão à qualidade, valoriza a árvore, o rochedo e o monumento, a fábrica e o trabalho;, discursou há quatro anos, quando o Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de Minas Gerais (Sinapro) homenageou a sua coluna Arte Final, pioneira na imprensa nacional e dedicada ao setor. Zenóbio a assinava todos os domingos, por mais de três décadas ininterruptas. Por ela, a publicidade que se pratica em Minas exibiu um estado que crescia, a partir do aço, viabilizando a indústria de automóveis, ao lado do agronegócio, que puxava o estado para o ranking das exportações e do setor imobiliário.

Zenóbio marcou a história da propaganda mineira. ;Não aconteceu nada de relevante nos últimos 50 anos nesse setor sem que Zenóbio estivesse à frente ou, pelo menos, ao lado;, considera Fernando Campos, presidente da Solution Comunicação. Não à toa, o prêmio concedido pelo Estado de Minas às estratégias de comunicação mais eficientes para a oferta de imóveis chama-se Prêmio Édison Zenóbio.

Não foram poucas batalhas até chegar a cabecel do Condomínio Acionário das Emissoras e Diários Associados, presidente da Fundação Assis Chateaubriand e diretor-geral do Estado de Minas. Ingressou em 1953, como repórter esportivo. Ao longo de 62 anos de trajetória ; esse mineiro de Belo Horizonte, de origem humilde, esbanjou firmeza, gentileza e integridade.

Carreira
Foi secretário de redação, diretor das rádios Guarani e Mineira, diretor comercial do Diário da Tarde, gerente de circulação do Diário da Tarde e do Estado de Minas e, com a fusão das gerências comerciais dos dois jornais, passou a dirigir a publicidade. Foi então promovido a superintendente comercial e, na sequência, diretor comercial. Em 1983, tornou-se membro do Condomínio Acionário das Emissoras e Diários Associados. Recebeu dezenas de honrarias nacionais e internacionais dos legislativos municipal e estadual, do governo do estado, de sindicatos de classe e organismos internacionais.

[SAIBAMAIS]Ao longo de sua vida, Édison Zenóbio sempre conservou a simplicidade. Era um ouvinte atento. E um conselheiro com a boa palavra pronta em bons e maus momentos. Nunca abriu mão do um happy hour. Ali desfrutava de uma cerveja ou de um vinho. Sempre com muita moderação e enorme prazer pela prosa. De tudo falava com interesse e paixão. Adorava futebol. Era cruzeirense. Mas tinha sempre na ponta da língua informações de bastidor sobre a política.

A sua fazenda, próxima à região de Esmeraldas, era mais do que um hobby para os fins de semana. Seu carisma é lembrado por moradores locais. Zenóbio era viúvo de Marlene e deixou três filhos: Edson, Eduardo e Rodrigo.


Homenagens:

;É um dia muito triste. Fomos companheiros por mais de 50 anos, com contato diário e sempre ameno. Ele foi um pioneiro na publicidade, apaixonado pelo jornal Estado de Minas. Representa uma perda não só para os Diários Associados, mas para Minas Gerais e o Brasil;
Álvaro Teixeira da Costa,
diretor-presidente do Estado de Minas

;A lembrança que tenho é a mais positiva possível. Trouxe sua palavra, sua experiência para a nossa geração. E foi pioneiro no que fez. Vou me lembrar dele como a pessoa que sempre tinha a palavra certa nas horas difíceis. Ele nos incentivava a dar a volta por cima e tinha sabedoria para tomar decisões;
Geraldo Teixeira da Costa Neto,
diretor-executivo do EM


;Quando tive a notícia ontem (sábado), foi um jeito triste de terminar a noite. Nos anos 1950, o Zenóbio trabalhou no Diário do Comércio e foi quando eu o conheci. Era uma pessoa presente, interessada, sempre. Deixa um exemplo importante para ser seguido, no jornalismo e na publicidade;
Luiz Carlos Costa,
diretor-presidente do Diário do Comércio


;Foram mais de 40 anos de amizade e coloco Zenóbio nas categorias de amigo, parceiro e professor. Uma pessoa importante demais. A propaganda mineira deve muito a ele;
José Luiz da Silva, presidente da Associação Mineira de Propaganda

;Zenóbio era uma pessoa carinhosa, um conciliador. Tinha a sabedoria de saber quem é quem. E em épocas difíceis sabia lidar como ninguém. Tinha feeling apurado e humildade extrema. Devo muito a ele;
Hypólito Matos, corretor e proprietário da Hypólito Imóveis

;Ele era unanimidade na propaganda mineira. Conseguia fazer todo mundo se sentir amigo. Nunca deixou de estender a mão para ninguém nesse mercado. Em 31 anos que tenho essa agência, não me lembro de existir sem uma palavra de apoio dele;
Cacá Moreno, proprietário da Agência Perfil

;Conheci ele na redação do Diário da Tarde, onde comecei como office-boy e ele era redator de esportes. Uma figura ótima, que nunca falou alto. Sempre suave, discreto e trabalhador;
Hamilton Gangana, publicitário

;Ele sempre apoiou e prestigiou esse setor e teve uma importância enorme no nosso desenvolvimento;
Paulo Solmucci Junior, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes

;Ele sempre se caracterizou pela doçura no trato. Era ameno e leve. Zenóbio era um camarada do bem e o diálogo com ele fazia muito bem. Ele falava bem sobre qualquer assunto e devo a ele a fineza de ter me apoiado na minha primeira eleição, para deputado federal;
Aloisio Vasconcelos, ex-presidente da Eletrobras

;Zenóbio foi um dos grandes amigos, um conselheiro, um defensor das agências de Minas. Vai deixar uma lacuna muito grande;
Álvaro Rezende, presidente da RC Comunicação, presidente do Conselho Consultivo da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro)

;Posso encher uma página para homenageá-lo. Ele foi uma pessoa múltipla. Juntou jornalismo, esporte, publicidade, diretoria dos Associados. Teve muito mérito;
Emanuel Carneiro, presidente da Rádio Itatiaia

;Zenóbio foi um exemplo de profissional, que conduziu um jornalismo independente e, nesses anos todos à frente do Estado de Minas, traduziu bem o nosso estado no cenário nacional. Soube apoiar com muita sabedoria os diversos segmentos de nossa economia, e, no nosso caso, o setor imobiliário;
Ariano Cavalcanti, presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-Secovi)

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