Antes mesmo da saída dos trios elétricos, a Avenida Paulista já estava tomada na manhã de hoje pelo público da 19; Parada do Orgulho LGBT - lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Sob o tema "Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim: respeitem-Me", o evento reúne pessoas de diversos perfis e idades nas ruas da região central da capital.
[SAIBAMAIS]
Carregando faixas e fotos, o grupo Mães pela Diversidade desfilou pela avenida para pedir respeito. ;Estamos lutando por direitos, igualdade e respeito;, disse Sônia Martins, que veio de Brasília para participar da parada. Segundo ela, o apoio dos pais e mães é especialmente importante nesse momento em que o discurso conservador sobre a família tenta retirar direitos dos homossexuais e transsexuais. ;O papel das mães, fundamentalmente, neste momento em que se discute a família, é mostrar que os LGBTs têm família. Têm pai, mãe e uma família que os ama. Família não é isso que eles querem colocar;, destacou a mãe que caminhava levando a foto da filha, Alexandra.
A visibilidade é, na opinião do músico Leandro Vilela, o que faz com que o evento seja tão relevante para a comunidade LGBT. ;Ao longo destes anos eu via a parada crescendo e é indiscutível a visibilidade que ela traz;, disse o rapaz, participa da parada desde 2003. Ele lembrou, entretanto, a necessidade de que isso seja incorporado como valores pela sociedade.;Visibilidade não só no dia da Parada Gay, como no resto do ano. Seja na novela, seja no comercial de perfume ou em qualquer outra frente, para que a gente seja visto no dia a dia como iguais. A gente não que mais, nem menos, só ser igual;, defendeu.
Além dos militantes e jovens em clima de festa, também passeavam pela Avenida Paulista famílias e casais como o bancário Clóvis e a aposentada Gilda Marques. ;(Vim dar) uma olhadinha;, explicou o bancário. ;Cada um vive do jeito que quer. É tão importante a gente se amar. Por isso, eu venho curtir e apoiar;, completou Gilda.
Mais cedo, na coletiva de imprensa que abre o evento, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, destacou o papel do Poder Público para garantir os direitos dessa população. ;O Poder Público tem que ir além da tolerância. Tem que defender a tolerância, combater a intolerância, mas tem que ter um componente social de resgate da cidadania também;, disse.
Em meio a cobranças de movimentos sociais que também participaram da entrevista, Haddad prometeu ouvir mais os militantes e dar mais transparência aos recursos investidos na parada. ;Quanto mais transparência melhor, nesse tipo de coisa. A gente pode fazer inclusive uma conversa aberta com toda a comunidade LGBT, em vez de fazer uma decisão de gabinete;, disse sobre o modelo a ser adotado para organizar a próxima edição do evento.
Cobrado pelos ativistas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, garantiu que estão sendo feitas as investigações sobre as agressões à travesti Verônica Bolina. ;Toda a apuração está sendo acompanhada pela presidente do Conselho LGBT e pela representante da Secretaria da Justiça;, afirmou.
Em abril, fotos publicadas nas redes sociais mostraram Verônica desfigurada após uma ação para contê-la no 2; Distrito Policial (DP) de São Paulo. Presa em flagrante, acusada de tentar matar uma vizinha idosa, a travesti disse que sofreu diversas agressões enquanto estava sob custódia.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que a Polícia Civil deve concluir em breve a sindicância que apuras o ocorrido. ;A sindicância ouviu todas as pessoas envolvidas, já fez dois laudos. A pedido da própria Verônica, está fazendo um terceiro laudo em relação às suas agressões. Ouviu todas as testemunhas que a Verônica solicitou, inclusive, as pessoas que a atenderam no hospital;, ressaltou.