Brasil

Compositor Fernando Brant faz homenagem ao céu de Brasília em música

A canção, de Brant e Toninho Horta, engrandece um dos aspectos mais celebrados de nossa cidade, e traça também um perfil dos habitantes daqui sob a ótica de Brant

postado em 14/06/2015 07:55

Paulinho, do Feitiço Mineiro:

Engana-se quem pensa que foi apenas a Minas Gerais que Fernando Brant dedicou seu afeto em forma de poesia. O letrista mineiro é autor de uma das mais belas homenagens musicais feitas para a capital federal. A canção de Céu de Brasília, de Brant e Toninho Horta, engrandece um dos aspectos mais celebrados de nossa cidade, e traça também um perfil dos habitantes daqui sob a ótica de Brant. Naquela época, anos 1970, o compositor já constatara a calmaria que se abate sobre a cidade após as 22h, e que ainda hoje segue vigente. ;Na janela, a fria luz/Da televisão divertindo as famílias/Saio pela noite andando nas ruas...;

Lançada primeiramente pela cantora Simone, em 1977, Céu de Brasília ganhou registro de Toninho Horta em 1980, no disco Terra dos pássaros, com vocais de Milton Nascimento. Desde então, tornou-se obrigatória nos concertos do instrumentista mundo afora. A introdução, guiada por uma ensandecida guitarra distorcida, é uma das mais conhecidas de Horta. Em Brasília, claro, a canção é recebida com muita emoção pela geração de brasilienses que adotou a cidade e orgulha-se que cantem sobre ela.

;Nada existe como o azul sem manchas/Do céu do Planalto Central/E o horizonte imenso, aberto/ Sugerindo mil direções;, diz a letra de Brant. ;E eu nem quero saber/Se foi bebedeira louca/Ou lucidez;. O céu que virou patrimônio da capital federal também tirou o fôlego dos compositores mineiros, que embarcaram em um ;voo maluco; pelas asas do avião que os fazia esquecer a solidão da cidade grande. O agradecimento veio em forma de um clássico.

Boemia
Na capital federal, Brant era presença garantida nos aniversários do restaurante Feitiço Mineiro. Ele participou de pelo menos 20 das 25 comemorações da casa, inclusive a do ano passado, já sem Jorge Ferreira, fundador do reduto boêmio. ;Aqui é o quartel de resistência da música popular em Brasília. O Jorge era o comandante e o Fernando era o general;, resume o produtor cultural Jerson Alvim. ;Mesmo quando nossa estrutura era ainda bem precária, ele e Tavinho Moura sempre se dispuseram a vir a Brasília, com a humildade que só os grandes podem ter, e fizeram shows antológicos, que estão registrados na memória de nossa cidade;, diz Denise Pereira, dona do restaurante.

Todo início de outubro, o roteiro do artista em Brasília se repetia. ;Era um ritual. Eu o buscava no aeroporto, íamos direto para o bar do restaurante, abríamos um vinho e almoçávamos até umas 17h. Em seguida, ele ia para o hotel descansar e retornava ao restaurante à noite, para o show. Depois da apresentação, era uma loucura, pois todos os amigos queriam conversar com ele. Muitas vezes saímos do restaurante quando já estava claro;, relembra Mauro Calichman, diretor executivo do restaurante.

Entre os quitutes preferidos do artista, estavam costelinha e pão de queijo. ;Quando o chope dele chegava à metade, a gente já podia trocar, para não esquentar;, revela o garçom Paulo Lima, mais conhecido como Paulinho. Há 17 anos no restaurante, ele teve a oportunidade de conviver com o músico em diversas ocasiões. ;Atendê-lo era um imenso prazer. Sempre que podia eu parava um pouco para ouvir as canções, causos e poesias;, conta. A casa pretende homenagear Brant amanhã, no projeto Música Solidária. Artistas convidados tocarão composições do mineiro a partir das 21h.

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