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Operação Overload prende suspeitos de colaborar com tráfico de drogas no RJ

Com as apreensões de celulares, a polícia constatou a comercialização de armas e drogas, chegou aos líderes e identificou a função de cada um na facção criminosa

postado em 16/06/2015 20:19
Oito pessoas foram presas hoje (16), entre elas, três em flagrante, mulheres de confiança de criminosos e traficantes presos, na Operação Overload, em comunidades do Rio de Janeiro. A investigação, iniciada pelo delegado Felipe Curi, da 27; DP, acabou tomando outros rumos, além do tráfico de drogas nas comunidades do Juramento e Juramentinho, na zona norte do Rio.

Ao todo, 26 dos 65 mandados de prisão expedidos pela Justiça foram cumpridos. Segundo a polícia, somente nos municípios São João de Meriti, Nova Iguaçu e Belford Roxo, na Baixada Fluminense, o tráfico lucra R$ 7.290 milhões por mês com a venda de drogas. Uma das pessoas presas está sob custódia no hospital, grávida de nove meses.

A investigação durou cerca de oito meses e mostrou que a maior quadrilha que atua no Rio, o Comando Vermelho, é formada por traficantes de dentro dos presídios, entre eles, líderes conhecidos da polícia, como Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes.

Com as apreensões de celulares, a polícia constatou a comercialização de armas e drogas, chegou aos líderes e identificou a função de cada um na facção criminosa.

"Apesar dessas pessoas estarem recolhidas em presídios federais, elas continuam dando ordens e diretrizes à facção criminosa, usando visitantes, em Bangu. Identificamos um advogado, Elir Florencio da Luz, que atua defendendo os traficantes dos Complexos do Alemão e da Penha. Ele atuava também na comercialização de armas e munições para a facção", relatou Curi, lembrando que o advogado segue foragido da justiça.

A polícia descobriu que Marcinho VP age junto aos traficantes Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fú da Mineira e Claudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, que, segundo a polícia, estão no complexo do Chapadão, em Costa Barros, zona norte do Rio. Esses traficantes, que estão em liberdade, repassam as diretrizes dos líderes presos, e fomentam o roubo de veículos e guerras entre facções rivais para conseguir ampliar os territórios, informou o delegado.

"O Marcinho VP ainda se comunica e chefia as ações do Comando Vermelho, o que é mais um problema na Justiça que ele vai ter que responder. A gente tem que desarticular toda essa questão de dentro do presídio, a facilidade que as pessoas têm de se comunicar nos presídios do estado", disse Curi.

A Polícia Civil constatou que traficantes postam fotos de fuzis em redes sociais, com o preço variando entre RS 45 mil e R$ 60 mil. E concretizam as negociações com depósitos bancários.

A segunda parte da operação vai identificar o financeiro, em ação conjunta com o laboratório de lavagem de dinheiro da Polícia Civil. "Acho que é uma quebra de paradigma, porque antes tudo era muito empírico. E agora, nós temos provas robustas de como isso funciona, e podemos avançar muito mais com os desdobramentos dessas investigações", afirmou o delegado Curi.

A polícia identificou também a origem das drogas e sua distribuição nos morros. O lucro chegava a 350%, ou seja, cerca de R$ 50 mil reais em cada quilo de cocaína. "Na investigação, ficou evidenciado que hoje o principal interposto de drogas da facção é o Complexo do Chapadão e depois o Complexo do Caramujo, em Niterói. Lá, as drogas são trabalhadas, fracionadas e misturadas. Depois de embaladas, são distribuídas para outras comunidades, com ou sem UPP [Unidade de Polícia Pacificadora];, relatou Curi.

Além do controle de venda de drogas, armas e guerras entre facções rivais, traficantes do Comando Vermelho foram identificados como mandantes de ataques às UPPs do Complexo do Alemão, nos últimos meses.

Segundo o delegado, houve um aumento significativo de violência na região, a partir das ordens dadas pelo traficante Edson Silva de Souza, o Orelha do Complexo do Alemão. Orelha foi preso na operação Urano da Polícia Civil, em setembro do ano passado, mas, em novembro de 2014, ele recebeu um habeas corpus da 6; Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, e foi colocado em liberdade.

O delegado contou que a sede da 45; DP, no Alemão, também foi alvo de criminosos. O traficante Orelha ordenou a morte de policiais militares, e deu ordens aos moradores para que provocassem os policiais da UPP, e gravassem vídeos para os veículos de comunicação, com o intuito de manipular os fatos.

"Isso tudo foi ordem dele. Ele determinava a presidentes das associações de moradores e mototaxistas, que a população local atacasse os policiais, e fizessem filmagens, para manipular a mídia. De vez em quando, havia alguma reação policial. Aquilo era colocado em um outro contexto, e isso era passado para a mídia, de uma outra forma, por meio dos presidentes e de pessoas da comunidade, que estão sendo investigadas. Isso era passado na mídia como se fosse um problema das UPPs nas comunidades, e, na verdade, não é. São ordens de traficantes para manipular a mídia através da população", informou o delegado.

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