postado em 23/06/2015 12:22
O Exército realiza nesta terça-feira (23/6) a desocupação da centenária Aldeia Imbuí, em Niterói. Pelo menos, duas famílias da comunidade de pescadores terão de deixar o local, que fica no entorno do Forte do Imbuí, administrado pelos militares, cuja construção data do século 19. Em maio, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu ao Exército a reintegração de posse da área e estabeleceu multa diária para os moradores caso a decisão seja descumprida. A comunidade é formada por cerca de 30 famílias.De acordo com os moradores, lanchas e caminhões estão sendo usados na desocupação, além de todas as vias de acesso à comunidade terem sido bloqueadas por homens do Exército. A passagem da imprensa e de pessoas de fora da comunidade não foi liberada. No local, a informação é que o Exército, posteriormente, cederá aos jornalistas as imagens da desocupação.
O advogado da comunidade, Paulo Boia, não entrou na área. Uma das principais lideranças locais, Ailton Nunes Navega, de 65 anos, alega que a desocupação está sendo feita antes do prazo dado judicialmente. ;Está um desespero total. Tem um caminhão do Exército na porta de duas casas;, disse Ailton Navega. Segundo ele, nenhuma das casas fica dentro do Forte, mas no entorno e não atrapalham nenhuma atividade militar. Ailton e os pais, com 89 e 97 anos, nasceram e vivem na comunidade. ;Estamos aqui há mais de um século e meio, antes de o Exército chegar;, frisou.
A comunidade informa que os primeiros moradores da Aldeia Imbuí eram pescadores e ;olheiros; da costa, já que, naquela época, o patrulhamento contra invasões era feito sem ajuda de radares. Eles reivindicam que uma parte dos moradores é ainda descendente de Flora Simas de Carvalho, que costurou o primeiro exemplar da bandeira nacional e fixou residência no local, antes do Forte do Imbuí ser erguido.
No processo judicial, os militares argumentam que a área onde a comunidade está instalada é de Segurança Nacional. A praia é de uso exclusivo do Exército, assim como o hotel de trânsito. Nas áreas comuns, são promovidas atividades culturais e de lazer, como casamentos.
A Agência Brasil solicitou informações por e-mail ao Exército, à Polícia Federal e ao Ministério da Defesa sobre a desocupação da área e ainda não obteve resposta.