postado em 25/07/2015 18:14
[SAIBAMAIS];Nosso feminismo se inspira nas guerreiras africanas. Levantar a cabeça é necessário, negras e pretas revolucionárias;. Os versos de rap cantados pela ativista Larissa Borges embalaram hoje (25) a discussão sobre a primeira Marcha de Mulheres Negras, marcada para o dia 18 de novembro, em Brasília. Reunidas na 8; edição do Festival Latinidades, cerca de 50 mulheres trocaram experiências sobre a identidade negra feminina e as principais demandas desse público, que serão apresentadas na marcha.
;O Movimento de Mulheres Negras, a partir da marcha, inaugura um novo processo de empoderamento e uma nova etapa na agenda política das mulheres negras no Brasil e na América Latina;, avaliou Larissa, que é diretora de programas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
A ampliação do protagonismo das mulheres negras, que estão presentes em diversos movimentos sociais, também foi destacada pela historiadora Gisele dos Anjos Santos, uma das organizadoras da mobilização em São Paulo. ;As mulheres negras estão em todos os movimentos sociais, a grande questão é saber a posição que essas mulheres ocupam. Na marcha, vamos estar à frente da construção de todo o processo e vamos sentar à mesa para discutir e negociar o que nos implica diretamente e está relacionado a nossa possibilidade de sobreviver nesse país;, apontou.
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[SAIBAMAIS]Entre as questões que serão levadas à marcha, estão temas como visibilidade e identidade das mulheres negras. ;Ainda temos meninas que não têm coragem de sair na rua com turbante na cabeça, têm medo do que vão dizer delas;, lembrou a professora e rapper Vera Verônica. ;Vamos marchar pelas nossas crianças, pelos nossos filhos, pelas mulheres que ainda não nasceram e pelas que morreram por nós, vamos juntas.;
Emocionada, a estudante Gabriela Nascimento deu um depoimento sobre as contradições vividas por ela sendo negra em uma escola de classe média de maioria branca e disse que mobilizações como a da marcha dão voz às mulheres negras e garantem espaço de reconhecimento de identidades e afirmação da beleza e da cultura negras.
;Marchar vai significar um momento em que vou resistir ao cotidiano. Vou marchar para que as pessoas possam se reconhecer como negras, não queiram se embranquecer;.
A violência de gênero, o racismo institucional e o genocídio da juventude negra também integram a agenda das mulheres negras e foram lembrados no debate deste sábado. ;Por que vou marchar? Porque tenho três filhos e dois netos homens, e como outras mães, quero dar um basta ao genocídio dos brasileiros negros. Vivemos com medo de saber que, a qualquer momento, um dos nossos pode ser vítima, pode ser morto pela polícia. Venham para a marcha em nome da juventude negra;, defendeu Maria Luiza Junior, professora e militante do movimento negro em Brasília.
A marcha vai ocupar a Esplanada dos Ministérios no dia 18 de novembro, dois dias antes do Dia Nacional da Consciência Negra. Segundo Gisele dos Anjos Santos, uma das organizadoras, a data foi escolhida para não esvaziar as mobilizações estaduais e municipais do movimento negro no dia 20 de novembro. A organização ainda não tem estimativa do número de participantes da caminhada, mas está levantando informações com movimentos de mulheres negras de todo o país para trazer o maior número de ativistas a Brasília.