"Se a vítima tivesse morrido de imediato, Gilmária não teria conseguido retirar a criança ainda com vida do ventre da mãe", disse o delegado de homicídios de Ponte Nova, Silvério Rocha Aguiar após a apresentação do resultado do inquérito de mais de 360 páginas sobre a morte da jovem Patrícia Xavier da Silva, de 21 anos.
As investigações apontaram que Gilmária Silva Patrocínio, de 33 anos, acertou a vítima por trás com uma paulada e, quando a vítima começou a acordar, usou outro pedaço de pau no pescoço da jovem, o que causou um sangramento que a levou à morte. De acordo com o laudo dos peritos e médicos legistas, a assassina teria muito pouco tempo para retirar a criança se a mãe tivesse morrido imediatamente.
De acordo com o delegado titular do caso, a polícia encontrou fita adesiva, tesoura e luvas dentro da bolsa de Gilmária, o que demonstra que ela premeditou o crime. A assassina trabalhava como cuidadora de idosos e, segundo as investigações, tinha acesso fácil a esse tipo de material. Em uma reconstituição usando um boneco, a assassina demonstrou com riqueza de detalhes como o crime foi cometido. O delegado diz que confrontou Gilmária até mesmo com informações falsas para testar a veracidade dos fatos e Gilmária foi coerente ao negá-los e ao contar como agiu.
Gilmária nega que tenha premeditado o crime, mas a polícia encontrou provas de que ela fingia para o marido que estava grávida. A mulher, que tem filhos em com outros companheiros, temia ser abandonada por não ter uma criança no atual relacionamento.
;A autora simulou uma gravidez, mandava fotos de ultrassom para o marido e dizia que tinha consultas de pré-natal. Sendo assim, uma hora a criança tinha que nascer", disse o delegado. Segundo o marido, Gilmária já havia simulado estar grávida em outras duas oportunidades.
As duas se conheciam e a criminosa chegou a colocar piercing no umbigo de Patrícia e de uma irmã. A reconstituição dos últimos passos da vítima mostra que ela saiu do hospital e encontrou com Gilmária em um ponto de ônibus. A assassina disse à jovem que uma patroa tinha perdido um bebê e que havia disponibilizado todo um enxoval para doação. Até a chegada à construção abandonada, onde aconteceu o crime, Patrícia acreditava que encontraria com a suposta patroa de Gilmária.
Mulher agiu sozinha
As investigações mostram ainda que Gilmária agiu sozinha. De acordo com a polícia, o andarilho Henry Marçal, que ainda está preso por causa das suspeitas de envolvimento no crime, não participou do assassinato de Patrícia. "Já representamos um pedido junto ao poder judiciário pedindo a liberação dele", disse Silvério. Segundo o delegado, Henry inventou uma história como forma de se eximir do crime.
O homem era acostumado a dormir no local do crime e alguns pertences dele foram encontrados pelos investigadores. O andarilho, que já tinha antecedentes criminais, inventou que tinha visto dois homens chegando com um corpo na construção abandonada em um carro vermelho.
Henry disse à polícia que a dupla chegou no local no sábado, um dia depois do crime, e que ainda o havia ameaçado. No entanto, o crime aconteceu na sexta-feira e o delegado ouviu várias testemunhas que disseram que o andarilho estava trabalhando como servente de pedreiro em uma obra.