postado em 18/08/2015 06:05
A Polícia Federal deflagrou, na madrugada de segunda-feira (17/8), a Operação De Volta para Canaã, em três estados, e prendeu seis líderes de uma seita religiosa que teriam escravizado fiéis. Segundo a PF, o grupo teria utilizado a seita para se apoderar do patrimônio de pessoas convertidas, submetendo-as a trabalhos forçados, em situação análoga à de escravos.As investigações apontaram que os dirigentes da seita Jesus, a Verdade que Marca, mantinham pessoas em regime de escravidão nas fazendas onde desenvolviam as atividades e os rituais religiosos. A Polícia Federal afirmou que os fiéis, ao ingressarem na comunidade evangélica, eram convencidos a doar seus bens sob o argumento da convivência em um local na qual ;tudo deveria ser de todos; e, em seguida, eram obrigados a trabalhar sem qualquer espécie de pagamento.
Os investigadores estimam que o patrimônio recebido em doação dos fiéis chegue a pouco mais de R$ 100 milhões. Parte do valor teria sido convertido em ;grandes fazendas, suntuosas casas e veículos de luxo;.
A operação contou com 190 policiais federais, que cumpriram 129 mandados judiciais: seis de prisão temporária, seis de busca e apreensão, 47 de condução coercitiva e 70 de sequestro de bens. Os investigados responderão pelos crimes de redução de pessoas a condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Os mandados, expedidos pela 4; Vara Federal em Belo Horizonte, foram cumpridos nas cidades de Pouso Alegre, Poços de Caldas, São Andrelândia, Minduri, São Vicente de Minas e Lavras, todas em Minas Gerais; Carrancas, Remanso, Marporá, Barra, Ibotirama e Cotegipe, na Bahia; além de São Paulo.
A PF informou que a Operação De Volta a Canaã dá continuidade a investigações iniciadas em 2011, que levaram à deflagração da Operação Canaã, em 2013. Na primeira etapa, a Polícia Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho fizeram inspeções em propriedades rurais e em algumas empresas.
Segundo a PF, foi identificado um ;sofisticado esquema de exploração do trabalho humano e lavagem de dinheiro levado a cabo por dirigentes e líderes religiosos;. ;Somente neste ano, a Polícia Federal começou a investigar mais de 50 casos envolvendo o tráfico e a exploração de pessoas no Brasil;, informou a corporação.