Agência Estado
postado em 25/08/2015 12:57
O secretário de Infraestrutura de Lagoa Real (BA), Rosalvo Alves de Oliveira, negou que tivesse conhecimento prévio sobre a contaminação de um poço na comunidade de Varginha, conforme declarou nesta segunda-feira (24/8) a estatal federal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Oliveira disse que havia solicitado a funcionários da empresa que fizessem uma inspeção na água de uma comunidade conhecida como "Sarapião", também no município de Lagoa Real, mas que não tinha nenhuma relação com poços na comunidade de Varginha.
[SAIBAMAIS]"Pedimos a análise nessa comunidade porque abrimos poços lá, que deram uma vazão boa. Queríamos saber da qualidade da água. Isso foi no ano passado ou ainda no outro ano (2013)", disse o secretário.
Oliveira disse que nunca recebeu nenhuma informação prévia da INB sobre a qualidade da água consumida pela comunidade do Sarapião, como havia solicitado. "Se ela fez essa análise, não mandou para gente", comentou.
Ontem, a INB declarou que, por telefone, informou ao secretário do município que havia encontrado água contaminada com alto teor de urânio na água do poço localizado na propriedade de Osvaldo Antônio de Jesus, na comunidade de Varginha. A empresa não informou em que data essa ligação teria ocorrido, mas afirmou que o "resultado preliminar" da água foi repassado a Oliveira.
"Não houve isso. Não conhecia aquele poço de Varginha. Nem sabia que existia", afirmou Oliveira. "O que eles tinham me dito antes, por telefone, é que um poço do Sarapião tinha dado um probleminha, mas nunca recebi nada de lá".
O secretário disse que só soube da contaminação do poço em Varginha quando a INB foi à prefeitura, no dia 22 de maio, e entregou os dois laudos de inspeção da água da propriedade de Osvaldo Antônio de Jesus.
Denúncia
A denúncia sobre contaminação no poço de um sítio em Lagoa Real foi publicada pelo jornal no último sábado. A INB, que explora urânio em Caetité, município vizinho de Lagoa Real, identificou índice de urânio no poço mais de quatro vezes acima do limite tolerável para consumo humano.
A informação, no entanto, não foi repassada para o Ministério do Meio Ambiente, Ibama ou para o governo da Bahia. Apenas a prefeitura de Lagoa Real recebeu os resultados de dois boletins de análise da água, referentes a inspeções feitas em outubro do ano passado e em março deste ano. Os boletins só foram entregues em maio à prefeitura, que imediatamente emitiu comunicado para lacrar o poço.
A INB alega que o reservatório está fora de sua área de responsabilidade, a 20 km de sua mina, e que por isso não teria responsabilidade sobre o problema. A empresa informa ainda que se trata de uma contaminação natural da água, por causa do volume de urânio que há no solo, e não de consequências de suas atividades de mineração.