Brasil

Conselho veta selfies durante procedimentos médicos

As normas devem ser publicadas esta semana no Diário Oficial da União

postado em 29/09/2015 06:02

Imagens feitas em centros cirúrgicos expõem os pacientes, segundo CFM


Médicos terão de deixar de postar em redes sociais autorretratos feitos durante atendimentos. Nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que define regras de comportamento digital para os profissionais, proíbe, além das selfies, a publicação de imagens comparativas de antes e depois de procedimentos, como as de cirurgias plásticas e bariátricas, e a divulgação de áudios ou fotografias consideradas sensacionalistas ou autopromocionais. As normas devem ser publicadas esta semana no Diário Oficial da União.

Segundo o CFM, a resolução foi motivada pela percepção de que os retratos na hora de trabalho, como em centros cirúrgicos, estavam se tornando um fenômeno cada vez mais recorrente nas mídias sociais. Responsável pelas propostas, o 3; vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes Cavalcante, afirmou que o tema continuará a ser discutido devido ao avanço das tecnologias e dos comportamentos, e garantiu que ele terá acompanhamento contínuo, mesmo após a nova publicação. As normas, lembrou Fortes, protegem o médico de processos em busca de indenizações por danos materiais ou morais decorrentes de abusos. ;Considerando que a Medicina deve ser exercida com base em direitos previstos na Constituição Federal, como a inviolabilidade da vida privada e o respeito à honra e à imagem pessoal, entendemos que as mudanças são importantes, pois oferecem parâmetro seguro aos médicos sobre a postura ética e legal adequada em sua relação com os pacientes e com a sociedade;.

Antes, tais práticas já eram explicitamente proibidas, mas em meios tradicionais.;Trata-se de uma decisão que protege a privacidade e o anonimato inerentes ao ato médico e estimula o profissional a fazer uma permanente reflexão sobre seu papel na assistência aos pacientes;, afirmou José Fernando Maia Vinagre, corregedor do CFM. Para o Conselho, a proibição visa impedir a mercantilização de procedimentos médicos, evitando que o paciente acredite que obterá os mesmos resultados das fotografias ou até mesmo que escolha qual profissional irá atendê-lo de acordo com as publicações.

Também foram vetados o anúncio de títulos que não podem ser comprovados; a participação em propagandas de empresas, tendo a imagem ligada a medicamentos, seviços e equipamentos de saúde, artigos de limpeza, higiene e gêneros alimentícios; e a divulgação de técnicas e métodos não reconhecidos pelo CFM, como a carboxiterapia, procedimento estético contra estrias e celulites. Consultas, diagnósticos e a prescrição de remédios a distância são igualmente desaconselhados pelas novas normas. Caso algum profissional desrespeite o ordenamento, ele poderá ser advertido ou até suspenso.

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