Brasil

Número de casos de microcefalia este ano é nove vezes maior que em 2014

Relação com o vírus zika está confirmada. Pernambuco lidera o número de doenças e vive situação de emergência

postado em 02/10/2015 06:00

Maierovitch (D), do Ministério da Saúde, confirma a relação da doença com a presença do vírus zika


O surto de microcefalia saltou na última semana e atingiu novas regiões do país. Os piores índices ainda estão na Região Nordeste. Até a última sexta-feira, o Ministério da Saúde recebeu notificações de 1.248 casos suspeitos da malformação em 311 cidades de 14 estados brasileiros ; em 2014, foram 147 registros em todo o país. Pernambuco, onde primeiro se percebeu o agravamento da situação, contabilizou 646 ocorrências em recém-nascidos este ano.

A morte de seis bebês com suspeita da condição ainda estão sendo investigadas, sendo cinco no Rio Grande do Norte e uma no Piauí. Em uma criança que faleceu após nascer, no Ceará, foram confirmados o diagnóstico de microcefalia e a presença do vírus zika. A malformação pode ser identificada ainda na gravidez, por meio da análise do perímetro cefálico do bebê, que deve ser maior que 33 centímetros.

Com base em exames realizados pelo Instituto Evandro Chagas, a pasta confirmou no sábado a relação entre o aumento nos casos de microcefalia e o vírus zika, transmitido pelo Aedes aegypti ; mesmo mosquito que transmite da dengue. Até agora, o zika era considerado um problema menor que a dengue, com sintomas como febres baixas, dores no corpo e manchas avermelhadas na pele. Em países da África e na Polinésia Francesa, onde já havia circulação do zika, não havia um histórico que ligasse o vírus a malformações. Além disso, duas mortes por zika foram divulgadas na última semana, de uma adolescente no Pará e um homem no Maranhão. Segundo o Ministério, são os primeiros registros de óbito causados pelo vírus no mundo.

;O fato de termos confirmado a relação apenas reforça as orientações dadas anteriormente, com mais certeza agora. O combate ao vetor e a proteção individual contra a picada são os instrumentos de prevenção possíveis de serem utilizados neste momento;, explicou Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, já que não há outras formas conhecidas de se combater as doenças.

Para controlar a proliferação do mosquito, é importante ficar atento ao acúmulo de água em jarros de plantas, garrafas plásticas, lixo e em locais de armazenamento, como calhas, cisternas e caixas d;água. A proteção pode ser reforçada com telas e repelentes. ;Recebemos informações detalhadas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a segurança dos repelentes confirmando que os produtos existentes no mercado brasilieiro podem ser usados pelas gestantes. Existem três substâncias principais: o DEET, a icaridina ou picaridina e o IR3535;, recomendou o especialista.

Fora do Nordeste, há casos investigados no Rio de Janeiro (13); Tocantins (12); Goiás (2); Distrito Federal (1) e Mato Grosso do Sul (1). De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o bebê com suspeita da malformação nasceu em 4 de outubro e já teve alta, mas continua recebendo acompanhamento. A mãe da criança é maranhense e chegou a Brasília dois meses antes do parto. A Secretaria de Saúde do DF reforçou que o caso não pode ser associado ao zika, já que a mulher não relatou ter tido qualquer doença durante a gravidez. Nos anos anteriores, o DF registrou uma média de dois casos de microcefalia por ano. O Ministério da Saúde não identificou casos de zika na unidade federativa em 2015, e a secretaria esclareceu que foram recebidos ao longo deste ano dois pacientes que haviam contraído o vírus no Nordeste.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação