Agência Estado
postado em 05/10/2015 16:57
O governo voltou a atrasar pagamentos às empresas participantes do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV), de acordo com representantes do setor da construção civil. A insatisfação com o problema que, segundo os executivos, já se tornou recorrente e tem aumentado as discussões a respeito de uma possível paralisação de obras, embora nenhuma decisão nesse sentido tenha sido tomada ainda.O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou, em entrevista ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), que o governo ainda não quitou obrigações em outubro ou notificou as empresas sobre os planos para futuros pagamentos.
De acordo com o executivo, a ausência de pagamentos e de informações acendeu o sinal de alerta dos empresários, pois isso difere dos acordos firmados entre governo e entidades da construção.
"Nós aceitamos um novo cronograma de prazos de pagamentos e de ritmo de obras, mas eles o governo não pagaram no prazo. O fluxo de pagamentos que propuseram não foi cumprido", afirmou o executivo, que estima um volume em atraso de, pelo menos, R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. No final de junho, a CBIC firmou um acordo com o governo, no qual os desembolsos do Minha Casa Minha Vida seriam feitos em 30, 45 e 60 dias, de acordo com porte da empresa.
O executivo contou que alguns empresários já estão ameaçando paralisações nas obras, caso o problema não seja solucionado. Martins ressaltou, no entanto, que essa é uma iniciativa da base, não das entidades. "A CBIC não dita o que as empresas devem fazer, mas é impossível segurar o movimento da base", afirmou.
O presidente da CBIC informou ainda que está previsto para a tarde desta segunda-feira, (5/10) um encontro com representantes do governo, no qual se espera chegar a uma solução. "Vamos escutar o que eles têm a dizer. Em seguida, vamos levar aos representantes nos Estados, que devem decidir o que fazer", disse. "Mas não vamos acreditar em propostas que podem mudar no meio do caminho", ressaltou.
Procurado, o Ministério do Planejamento confirmou a reunião, mas não informou a pauta do encontro. Já o Ministério das Cidades não respondeu até o fechamento desta reportagem aos questionamentos feitos pelo Broadcast.