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Sargento é preso por executar suspeito desarmado e no chão em SP

Segundo as investigações, o policial atirou depois de receber uma ordem para algemar e levar o rapaz para a viatura, a fim de conduzi-lo à delegacia

Agência Estado
postado em 29/10/2015 08:19
O sargento Marcos de Souza foi preso depois de ser denunciado por um tenente como autor da execução de um ladrão, que estava desarmado e deitado no chão. A prisão em flagrante havia sido feita por policiais militares do 35; Batalhão, responsável pelo policiamento de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Na quarta-feira, 27, o policial teve a prisão temporária prorrogada pela Justiça Militar.

Segundo as investigações, o policial atirou depois de receber uma ordem para algemar e levar o rapaz para a viatura, a fim de conduzi-lo à delegacia. Este é o quinto caso envolvendo PMs suspeitos de execução nos últimos três meses.

[SAIBAMAIS]A Corregedoria da Polícia Militar apurou que David Samuel Alves da Silva, de 23 anos, dirigia uma Captiva roubada no limite de Itaquaquecetuba com a zona leste de São Paulo, quando foi localizado pelos policiais. A perseguição só terminou depois que o suspeito bateu o carro e fugiu a pé em direção a um matagal, perto de um campo de futebol. Segundo as investigações, Silva foi cercado e se rendeu. Ele entregou uma arma para o sargento e deitou no chão com as mãos visíveis.

Na presença de outros policiais, um tenente deu ordem para o sargento Souza algemar e levar o preso para a viatura. Mas, quando o oficial se virou, o policial deu dois tiros nas costas do assaltante, que morreu na hora. A primeira versão apresentada pelos policiais no boletim militar diz que Silva morreu depois de uma troca de tiros. Mas, antes de registrar o caso na delegacia, o tenente responsável pela equipe admitiu a outros oficiais que o sargento executara o suspeito desarmado.

A Corregedoria da PM foi chamada e apurou que o sargento Souza, depois de matar o assaltante, ainda falou para o tenente registrar o caso como intervenção policial seguida de morte. "Chefe, qualquer coisa, foi troca de tiros", teria dito. Segundo a investigação, a postura do PM teria intimidado os colegas e, por isso, ele não foi preso em flagrante por homicídio.

Uma eventual conivência por parte dos outros PMs ainda é investigada. A Corregedoria ainda aguarda a conclusão de laudos balísticos e necroscópico, além de depoimentos de mais testemunhas. A prisão do sargento é por mais 30 dias.

Outros casos
Em 13 de agosto, 19 pessoas morreram e 5 ficaram feridas, em Osasco e Barueri, na maior chacina da história. Seis policiais militares e um guarda-civil estão presos por suspeita de participação nas mortes em série, motivadas pelos assassinatos de um PM e de um guarda dias antes.

Em 7 de setembro, dois jovens suspeitos de roubar uma moto foram perseguidos e mortos por PMs, no Butantã, na zona oeste. Um deles foi preso e jogado de cima de um telhado. Depois, acabou morto com dois tiros. O outro foi algemado e dominado na rua. Depois, foi executado. Seis PMs estão presos.



No dia 11, quatro jovens entregadores de pizza foram executados, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Segundo a Corregedoria da PM, o grupo foi morto porque teria roubado a bolsa da mulher de um policial militar. Quatro PMs estão presos.

Em outubro, dois policiais militares foram presos depois acertar um tiro na nuca de um vigia, na zona leste, e registrar o caso como atropelamento.

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