Brasil

Delator da Chacina de Unaí será julgado nesta terça-feira, em Minas

Hugo Alves Pimenta é o último réu a ser julgado pelo crime, em razão da delação premiada

postado em 10/11/2015 09:15
O empresário Hugo Alves Pimenta ; acusado de intermediar a contratação de pistoleiros para execuções da Chacina de Unaí ;, senta nesta terça-feira (10/11) no banco dos réus para responder pelas mortes dos quatro servidores do Ministério do Trabalho, executados em Unaí, em janeiro de 2004. Ele é o último réu a ser julgado pelo crime, em razão da delação premiada. Nas duas últimas semanas, os mandantes e irmãos Norberto e Antério Mânica foram condenados a 100 anos de prisão, cada um. Os pistoleiros, julgados no ano passado, já cumprem pena total de 226 anos de prisão. Nas duas ocasiões, o empresário foi arrolado como testemunha de acusação, apesar da estreita amizade que mantinha com Norberto Mânica.

Hugo Pimenta (E) alega que teve participação somente na morte de um dos fiscais do trabalho

Ao colaborar com a Justiça, Pimenta, por meio de seu advogado Lúcio Adolfo, apresenta a tese de que teve participação apenas no assassinato do auditor-fiscal Nelson da Silva, desafeto de Norberto e Antério Mânica, em razão das rigorosas e frequentes fiscalizações e multas aplicadas por desrespeito à legislação trabalhista em suas fazendas, produtoras de feijão, no Noroeste de Minas. Em seu depoimento à Justiça, Hugo Pimenta disse que não sabia da ordem dos irmãos para execução de toda a equipe do Ministério do Trabalho, tomando conhecimento somente depois do crime. ;Eu passei mal quando fiquei sabendo das quatro execuções e fui para casa;, disse durante o julgamento de Antério Mânica.

[SAIBAMAIS]Hugo Pimenta disse, em depoimento, que recebia diariamente a visita do fazendeiro Norberto Mânica em sua empresa, a Uma Cereais, e ele sempre demonstrava insatisfação com as fiscalizações do Ministério do Trabalho. No entanto, um dia disse que não aguentava mais o Nelson e iria matá-lo, questionando se o empresário conhecia ;alguém para fazer o serviço;. Isso teria ocorrido dois meses antes do crime. Diz que comentou o fato com outro amigo, José Alberto de Castro, que se ofereceu para resolver o problema. Segundo ele, Francisco Pinheiro ; outro réu do processo que morreu antes de ser julgado ; era amigo de José Alberto e contratou o serviço dos três executores.

Lula
;Norberto, isso vai parar na mão do Lula (presidente da República à época do crime);, afirmou Pimenta, ao dizer que tentou demover o amigo da ideia da execução de Nelson. No entanto, Norberto rebateu alegando que resolveria tudo com a venda de uma fazenda. Pimenta disse que não sabia da ordem de execução dos quatro servidores porque não participou da reunião que decretou a sentença de morte dos demais que estavam com o Nelson, na noite anterior ao crime. De acordo com Lúcio Adolfo, desta forma, fica clara a participação do seu cliente apenas em uma morte. Além de Hugo Pimenta, o pistoleiro Erinaldo de Vasconcelos Silva também aceitou colaborar com a Justiça.

Pimenta será julgado na 9; Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte, com a presidência do júri a cargo do juiz Murilo Fernandes, com os trabalhos de acusação sob os cuidados da procuradora Mirian Lima. O advogado Antônio Francisco Patente, contratado por familiares e fiscais do trabalho, atua como assistente a acusação. A sessão do juri está marcada para ter início às 8h30. Foram assassinados, além de Nelson Silva, os auditores-fiscais Erastótenes de Almeida Gonçalves, o Tote, e João Batista Soares e o motorista Ailton Pereira de Oliveira. O grupo foi abordado numa estrada vicinal da zona rural pelos três pistoleiros que simularam um assalto. A brutalidade do crime e o a investida contra o Estado fez com que o caso ganhasse repercussão internacional.

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