Brasil

Sobe para R$100 milhões a multa que Samarco deverá pagar ao Ibama

À tarde, a presidente do Ibama sobrevoou a região de Bento Rodrigues, a mais atingida

Gustavo Werneck/Estado de Minas, Guilherme Paranaiba/Estado de Minas, Sandra Kiefer, Valquiria Lopes/Estado de Minas, Estado de Minas
postado em 12/11/2015 12:51
À tarde, a presidente do Ibama sobrevoou a região de Bento Rodrigues, a mais atingida O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve aplicar multas à mineradora Samarco no valor de R$ 100 milhões, informou, na noite de ontem (11/11), a presidente do órgão federal, Marilene Ramos. Depois de encontro com o governador Fernando Pimentel, em Belo Horizonte, a presidente explicou que ela e sua equipe estão avaliando laudos sobre a situação ambiental em distritos de Mariana, na Região Central, atingidos pela onda de rejeitos vazados, há uma semana, das barragens do Fundão e Santarém, em Bento Rodrigues. ;Cada multa tem o valor de R$ 50 milhões, uma se referindo ao lançamento de efluentes em um rio federal, que é o Rio Doce, que foge aos padrões, e também pela perda de biodiversidade;, disse Marilene.

À tarde, a presidente do Ibama sobrevoou a região de Bento Rodrigues, a mais atingida. ;Infelizmente, não pudemos descer, pois está isolado pelos bombeiros. Estamos com equipes em Mariana desde quinta-feira, e o que nos preocupa, ao ver do alto, é que a lama continua sendo arrastada, com riscos para nascentes e córregos;, disse Marilene. ;Estamos vendo com preocupação a situação da barragem do Germano, a terceira do complexo da mineradora. Ainda não sabemos o que poderá ser feito, embora a empresa informe que fará o reforço;, afirmou. Marilene informou que o desastre ambiental motivará um painel, com participação de especialistas nacionais e internacionais, com objetivo de avaliar a situação das barragens de rejeitos em todo o país.



Dois cenários

;É prematuro tentar adivinhar os motivos, mas estamos trabalhando com dois cenários: falha estrutural da barragem ou falha na manutenção;, afirma Mauro Ellovitch, promotor de Justiça e coordenador regional das Promotorias de Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, que participa da força-tarefa do Ministério Público de Minas Gerais para apurar as causas do desastre. Uma semana depois da tragédia, duas frentes de investigação buscam levantar indícios do que aconteceu no local. A Polícia Civil conduz o inquérito criminal, para apontar as responsabilidades pelo rompimento das barragens. O MP toca a investigação cível e administrativa, que deve buscar o ressarcimento de todos os prejuízos.

Ontem, cinco peritos que trabalham na investigação criminal voltaram ao ponto da ruptura da Barragem do Fundão. Segundo o delegado regional de Ouro Preto, Rodrigo Bustamante, eles retornaram com o objetivo de solucionar uma dúvida levantada por um dos peritos e também pela presidente do Ibama. ;Por enquanto, não podemos detalhar o que está sendo feito, para garantir que as evidências sejam mantidas e a apuração transcorra da forma mais completa;, disse o delegado.

[SAIBAMAIS] O promotor Mauro Ellovitch praticamente descarta que os 10 tremores de terra registrados na quinta-feira passada possam ter causado o rompimento das duas barragens. ;Isso é balela. Um abalo de 2,6 na escala Richter é pequeno. Uma barragem é capaz de suportar esses pequenos abalos, até porque está situada em área cercada de minerações, com uso de explosivos que provocam pequenos tremores;, afirma o promotor. Ellovitch defende que o estado reveja a política de autorizar barragens tão próximas de povoados. ;A exploração minerária é importante para a economia, mas tem de ser feita com respeito às próximas gerações. Não se pode inviabilizar as atividades, mas exigir que sejam feitas de maneira mais cuidadosa e menos impactante possível para o meio ambiente;, afirma.

A Polícia Militar do Meio Ambiente promete concluir até semana que vem o Registro de Evento de Defesa Social que está sendo confeccionado pela corporação com todas as informações sobre a extensão dos danos observados pelas unidades de Belo Horizonte, Ipatinga e Governador Valadares depois da ruptura das barragens. A lama que atingiu povoados também aumentou a degradação do Rio Doce, um dos mananciais mais poluídos do estado.

Os rejeitos caíram no curso do Doce bem na sua formação, na junção dos rios Piranga e do Carmo, na Zona da Mata, e a previsão é que eles percorram os cerca de 870 quilômetros até a foz, em Regência Augusta, distrito de Linhares (ES). Ao longo desse caminho, a lama produziu cena de devastação, com toneladas de peixes mortos, além de restos de vegetação, lixo e outros animais em decomposição nas margens. Ontem, a cheia do rio já tinha sido observada em Linhares, mas a previsão é que o grosso da lama chegue na cidade capixaba na terça-feira.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação