Jornal Correio Braziliense

Brasil

Doenças são novo perigo para população após tragédia de Mariana

Além dos prejuízos causados pela inundação de lama, Barra Longa agora sofre com a poeira e a ameaça de enfermidades. população já está sendo vacinada



Sandra parece não acreditar na catástrofe que a obrigou a deixar a casa, a 300 metros do Rio do Carmo. A lama foi levada até o leito pelo tributário Gualacho do Sul, onde um número incontáveis de peixes, como dizem moradores, morreram. A sobra de minério matou dourados, tilápias, piabas, entre outras. Capivaras e outras espécies que ocupavam as margens dos rios também não resistiram ao desastre.

Danos nos Imóveis
A força dos rejeitos danificou imóveis no entorno da praça principal, afetou o varejo e colocou empregos em risco. Alguns comerciantes não sabem quando voltarão a abrir as portas. Houve quem precisou quebrar paredes para retirar a lama. A destruição levou pessoas às lágrimas. A vida na cidade, como acredita José Geraldo Gazeta, de 54, vai demorar a voltar ao normal. O chão parece ter se aberto diante dos pés dele, um aposentado por invalidez com rendimento mensal de um salário mínimo. José fez um empréstimo bancário de R$ 7 mil e mobiliou sua casa, a 100 metros do rio. ;Não sei o que vou fazer, pois devo muitas prestações e a lama acabou com muita coisa. Derrubou o muro. Levou um computador, três guarda-roupas, colchões, camas, cadeiras, entre outras coisas. Moro com minha esposa, o tio dela, minha mãe e uma neta;.

Ele recorda da noite em que a lama das barragens chegou a Barra Longa. ;Minha família não dormiu. Foi desesperador. Tivemos de deixar nossa casa. Estamos morando de favor no lar da minha sogra;. José ergueu sua casa próximo à igreja de Nosso Senhor do Bom Jesus. O templo também foi vítima do tsunami. Operários passam o dia limpando o lugar sob o olhar atento de fiéis.

O vaivém de retroescavadeiras e tratores na cidade levanta nuvens de poeiras a todo momento. Caminhões-pipas molham as vias para reduzir a poeira, mas a medida não é suficiente para aliviar a dor causada pela tragédia. ;Ainda dá vontade de chorar;, resume o servidor público Antônio Ladim.