O que se deve levar em consideração ao comparar a igualdade dos gêneros no mundo? Para o Fórum Econômico Mundial, participação e oportunidade econômica, acesso a saúde e educação e empoderamento político. E de acordo com essas premissas, o Brasil está abaixo da média na igualdade entre homens e mulheres.
Nos dados mais recentes divulgados pelo Fórum, o Brasil ocupa a 85; posição entre 145 países, atrás, por exemplo, de Tailândia, Vietnã e Sri Lanka. As informações são do relatório Global Gender Gap de 2015, realizado desde 2006 pelo Fórum Econômico Mundial. O resultado brasileiro representa uma queda de 14 posições em relação ao ano passado. De acordo com o relatório, um dos motivos está na redução do número de mulheres em ;cargos ministeriais; neste ano - passou de 26% para 15%.
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A Coordenadora de Políticas para as Mulheres do GDF, Renata Peixoto, disse ao Correio que há muitos aspectos a serem analisados no âmbito da igualdade de gênero, e que o relatório mostra uma visão generalizada. ;Não tem como comparar o Brasil com países como Burundi e África do Sul. Há uma complexidade de questões;, argumenta, relativizando a metodologia da pesquisa.
Peixoto, porém, classifica esse resultado como fruto da história país. ;Como a mulher foi vista desde o início da formação do Brasil? Ela era coisificada, animalizada;, afirma. Para a gestora, o machismo, o sexismo e o sistema patriarcal ainda são vigentes no país e, embora o processo de mudança já tenha avançado, ;ainda há muitos conceitos que precisam ser desconstruídos;.
O pior desempenho do Brasil foi nas participações econômica e política, critérios nos quais ficou em 89; lugar. Para Renata Peixoto, esse índice pode ser explicado pelo fato de que, historicamente, faz pouco tempo que a mulher deixou de ocupar só o espaço privado (como dona de casa e mãe) e passou a ocupar também o espaço público. ;Antigamente, a mulher era vista como incapaz de pensar; a sociedade acreditava nisso. Quem pensava na política eram os homens;, declara.
Na educação, o país se saiu bem e teve nota máxima no índice, junto com outros 24 países; no quesito de saúde, a nota brasileira também foi máxima. Os índices não são relativos à qualidade da educação e da saúde, e sim à igualdade de acesso entre homens e mulheres. Para Peixoto, o bom desempenho do Brasil na educação se deve ao fato de que, no país, as mulheres têm formação melhor e passam mais tempo estudando. Mesmo assim, ela ressalta que a diferença na remuneração ainda é um problema no país. ;As estatísticas mostram que as mulheres ganham menos, mesmo com formação igual ou superior aos homens;, afirma. A pesquisa também aponta que, no atual ritmo de obtenção da equidade entre os sexos, as mulheres só terão salários iguais aos dos homens daqui a 118 anos. Atualmente, trabalhadoras mulheres recebem o equivalente ao que homens recebiam em 2006.
Nas primeiras posições do ranking global estão Islândia, Noruega, Finlândia, Suécia e Irlanda. O Reino Unido, a França e os Estados Unidos ocupam, respectivamente, a 18;, 15; e 28; posições. Entre os países da América Latina, a Bolívia, o Equador e o Chile têm classificações melhores do que a do Brasil.