Brasil

Narcotráfico: polícia desmonta organização de "Estado paralelo" no Norte

Quadrilha atua com tráfico de drogas, execuções em série e pretendia financiar candidatos a cargos políticos nas próximas eleições. Foram apreendidos 2,2 toneladas de drogas nos últimos seis meses, avaliadas em R$ 18 milhões

Eduardo Militão
postado em 20/11/2015 12:51
As polícias Federal, civil e Militar do Amazonas deflagraram nesta sexta-feira a Operação ;La Muralla;, contra uma organização criminosa internacional que pretendia montar um ;Estado paralelo; por meio de narcotráfico, execuções em série e eleição de políticos alinhado aos interesses do grupo. Foram cumpridos 442 mandados de prisão no Amazonas, Ceará, Roraima, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e também no exterior: Peru, Colômbia, Venezuela e Bolívia.

Entre os 127 presos, estão sete advogados e um vereador de Tonantins (AM). Segundo a Polícia Federal, o grupo é responsável pelo chamado ;Fim de Semana Sangrento;, quando 38 pessoas foram assassinadas em Manaus em apenas três dias. ;O grupo tentava consolidar um estado paralelo na Região Norte do país, com leis próprias, definidas por meio de seu ;estatuto;, no qual suas lideranças ditavam sentenças diárias, muitas de dentro do sistema penitenciário, onde foi instituído um verdadeiro ;tribunal do crime;;, diz comunicado da corporação. Ao todo, 700 policiais participaram da operação, sendo 400 da PF e 300 do Batalhão de Choque da PM e do grupo ;Fera; da Polícia Civil do Amazonas.

Segundo a PF, a organização mantinha contatos com políticos e servidores. O objetivo era obter apoio de governos elegendo membros do grupo. ;Pretendia até indicar e financiar a candidatura de alguns de seus integrantes para a disputa de cargos políticos nas próximas eleições;, informa o comunicado, distribuído hoje.

Leia mais notícias em Brasil


[SAIBAMAIS]A apuração indica que o grupo arregimentou ;milhares de pessoas; em um sistema amplo de divisão de tarefas. Havia um núcleo jurídico próprio, formado por advogados ;integrados às atividades criminosas;, de acordo com a Polícia Federal.

Houve 67 mandados de busca e apreensão, sendo sete em presídios estaduais. Dezessete presos serão transferidos para o regime disciplinar diferenciado em presídios federais, o sistema de segurança máxima adotado no Brasil. A Justiça Federal do Amazonas determinou 68 medidas para seqüestro os bens dos investigados, bloqueando patrimônio registrado em nome de 173 pessoas e empresas.

Granadas
Nos últimos seis meses, a investigação apreendeu 2,2 toneladas de drogas, avaliadas em R$ 18 milhões, além de embarcações, veículos, dinheiro em espécie e armas de fogo, como granadas de mão.

A investigação começou em abril de 2014 com a apreensão de R$ 200 mil em espécie e de uma lancha no Amazonas. A apuração descobriu que o objetivo era entregar os valores a traficantes de drogas na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. O nome da operação é uma referência ao apelido do quartel-general do cartel de Cali, na Colômbia, que reuniu traficantes internacionais.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação