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Governo vai reativar grupo para enfrentar epidemia de microcefalia

A única ligação encontrada nos casos é o fato de que a maior parte das mães dos bebês apresentaram nos primeiros meses de gestação febre, coceiras e manchas pelo corpo

Numa reação à epidemia de microcefalia no Nordeste e diante do receio de que os casos se espalhem para outros Estados, o governo vai reativar o Grupo Executivo Interministerial, o mesmo que entrou em ação durante a Pandemia da Gripe A. A equipe, formada por integrantes de vários ministérios, incluindo Saúde, Defesa, além da Secretaria Geral da Presidência da República, vai preparar um plano de enfrentamento para prevenção e controle da microcefalia. A primeira reunião está prevista para a próxima semana. Entre as ações previstas estão a limpeza urbana, combate ao mosquito e treinamento de pessoal.

A intenção é a de que seja mais do que um grupo de trabalho. Articuladores da força-tarefa pleiteiam autonomia para editar medidas, liberar recursos e organizar esforços tanto para combate ao Aedes aegypti, vetor do principal suspeito da má-formação, o zika vírus, quanto para diagnosticar casos e tratar os bebês.

As previsões não são as mais otimistas. Embora o Levantamento de Infestação Rápida de Aedes aegypti não esteja concluído, o governo estima ser considerável o número de focos do mosquito no País. Há ainda várias regiões com seca e racionamento de água no Nordeste. Nesses casos, há uma tendência de as pessoas manterem depósitos em casa, um ambiente perfeito para proliferação do mosquito. Na região Sudeste, por sua vez, as chuvas foram intercaladas por uma temperatura mais quente, o que também favorece os criadouros. A isso se soma a rápida expansão do zika pelo País.

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Crianças com a má-formação nascem com a cabeça com circunferência menor do que 33 centímetros. O cérebro dos bebês também trazem deformações que, de acordo com o grau, podem levar à deficiência mental, auditiva, visual, locomotora e epilepsia. Até agora, foram registrados no País 399 bebês nascidos com o problema. A única ligação encontrada nos casos é o fato de que a maior parte das mães dos bebês apresentaram nos primeiros meses de gestação febre, coceiras e manchas pelo corpo.

Como revelou o jornal O Estado de S.Paulo, exames feitos no líquido amniótico de dois fetos identificaram a presença do zika vírus. O Ministério da Saúde admitiu que o achado era mais do que uma simples coincidência. Embora as evidências sejam muito fortes, a pasta preferiu adotar uma postura mais cuidadosa e somente afirmar de forma categórica que a doença é provocada pelo zika depois de estudos complementares.

O zika chegou ao Brasil no início deste ano, provocou epidemia no Nordeste e está presente em 14 Estados, incluindo São Paulo e Rio. O ministério da Saúde classificou o cenário como "gravíssimo" e admitiu o risco real de a doença se espalhar. Uma campanha de esclarecimento para grávidas começou a ser preparada As peças deverão trazer orientações sobre como se prevenir contra o mosquito transmissor, o mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti: usar repelentes indicados para gestantes, colocar telas de proteção nas janelas, não ter contato com pessoas que apresentam febre baixa ou manchas pelo corpo. O plano de enfrentamento deve trazer uma estratégia para tratamento de pacientes com zika, acompanhamento de gestantes e, sobretudo, combate ao vetor.