Agência France-Presse
postado em 27/11/2015 17:59
O Brasil, que quer eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, registrou um aumento de 16% da derrubada de árvores no último ano, uma alta que segundo ambientalistas poderia colocar em risco esse objetivo. Entre julho de 2014 e agosto de 2015, a área desmatada cresceu até 5.831 km2, a partir de um dado anterior de 5.012 km2, explicou o ministério do Meio Ambiente.
Os estados do Amazonas (54%), Rondônia (41%) e Mato Grosso (40%) impulsionaram o aumento da taxa, segundo o relatório, num ano em que o estado aumentou os recursos para controlar o desmatamento ilegal. "Temos que investigar o que está acontecendo", disse a ministra Izabella Teixeira ao apresentar os dados. "Vamos pedir aos estados que nos digam, de um ponto de vista formal, o que autorizaram e o que foi ilegal", afirmou a ministra.
Segundo informações técnicas preliminares da pasta, o aumento deve-se à expansão da pecuária e também da agricultura nesses estados.
Os dados foram divulgados às vésperas da Conferência do Clima de Paris (COP21), para onde o Brasil leva a meta de reduzir as emissões de gases poluentes em 37% até 2025 e 43% até 2030 em comparação aos níveis de 2005, e de eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia.
O aumento da área desmatada "pode prejudicar as metas já pouco ambiciosas do governo brasileiro para a redução do bioma", denunciou nesta sexta-feira a organização não-governamental Greenpeace, que acompanha há décadas as atividades que destroem a Amazônia no Brasil.
"Após esforços da sociedade e do próprio governo, o desmatamento saiu o limite dos 27.000 km2, em 2004, para a faixa dos 5.000", afirmou Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace, citada em comunicado.
A ambientalista reclama que o governo demarcou poucas terras indígenas que, convertidas em unidades de conservação, ajudam a proteger a mata, e que o país assiste ao avanço no Congresso de um projeto de emenda constitucional que colocaria em risco o processo de demarcação de terras indígenas, em benefício dos produtores rurais da região.