Gabriela Vinhal
postado em 03/12/2015 18:15
Uma nova onda de ;decoração; de casamentos chocou a internet esta semana. Noivas têm comprado borboletas congeladas para soltá-las ao fim das cerimônias, sejam em Igrejas, sejam em salões de festas. O valor, em 2012, da dúzia de borboletas já embaladas custava R$ 78 sem frete. Quem denunciou a prática ;ecologicamente criminosa; foi a jornalista Cláudia Matarazzo, que soube os detalhes do processo durante uma reunião com profissionais de casamento e noivas em São Luís, no Maranhão. O Ibama investiga a ação e já afirmou que denunciará o borboletário responsável pelo extravio ilegal desses animais, que já atua no mercado há mais de quatro anos.
Segundo a jornalista, as borboletas chegam de Salvador em caixas furadas para ventilar, mas pequenas para que não se mexam muito. Para que ocorra a contagem delas sem muita dificuldade, são submetidas a um congelamento para desmaiarem e não tentarem voar. De acordo com a veterinária Cláudia Godoi, após serem submetidas a esse tipo de viagem, elas podem morrer por causa do estresse e do choque térmico. ;As borboletas são muito sensíveis ao estresse e a mudanças drásticas de temperatura. Por isso, dependendo do resfriamento, o metabolismo pode não se adequar, e elas podem morrer;, explica.
E quanto ao "lindo" espetáculo esperado pelas noivas? A jornalista explicou que, na hora de soltá-las, como estão desmaiadas (e algumas mortas), é preciso acordá-las em instantes ; para não perder o ;timing;: ;As cerimonialistas são obrigadas a bater nas caixas e elas assustam e, aí quando abrem a tampa, voam. Entre o susto e a agonia da prisão,elas saem desbaratadas às cegas ; e acabam por cair, esbarrar ou mesmo pousar em penteados e carecas dos convidados.;
A veterinária afirma ainda que, além da crueldade com os animais, há sérias consequências ambientais, pois pode ocorrer um desequilíbrio na natureza. ;As borboletas do Nordeste são diferentes das de outras regiões do país. Se o borboletário envia grandes quantidades de um tipo, pode afetar seriamente o ecossistema.;
De acordo com o Ibama, o estabelecimento está com a licença vencida no Sistema Nacional de Gestão da Fauna Silvestre (SisFauna), que controla empreendimentos e atividades relacionadas ao uso da fauna silvestre em cativeiro. Ele responderá por crime ambiental, segundo o artigo n; 31 da Lei n; 9.605, por introduzir espécie animal sem parecer legal e licença expedida pelo órgão, com pena de até um ano e sujeito à multa.