A população brasileira que compõe o grupo dos 10% mais pobres (com renda média de R$ 130 por pessoa na família) continua majoritariamente negra. É o que indicam os dados divulgados nesta sexta-feira (4/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Síntese de Indicadores Sociais. O percentual aumentou nos últimos 10 anos. Em 2004, 73,2% dos mais pobres eram negros, patamar que subiu para 76% em 2014. O número indica que, entre os 10% mais pobres do país, três em cada quatro são negros. Os brancos, por sua vez, diminuíram a participação no grupo: de 26,5% em 2004 para 22,8% em 2014.
[SAIBAMAIS]Apesar de a população que se identifica como preta ou parda ter crescido entre a parcela brasileira 1% mais rica, ela representa apenas 17,4% do total - em oposição aos mais de 79% de brancos que completam o grupo. Em 2004, havia 12,4% de negros e 85,7% de brancos na faixa econônomia, que é formada por pessoas que moram em domicílios cuja renda média é de R$ 11,6 mil por habitante.
Segundo o IBGE, os negros (pretos e pardos) eram a maioria da população brasileira em 2014 (53,6% do total), enquanto as que se declaravam brancas eram 45,5%. Em 2004, o cenário era diferente, pouco mais da metade se declarava branca (51,2%), enquanto a proporção de pretos ou pardos era 48,2.
Desigualdade de renda
Para avaliar a desigualdade de renda, o IBGE calculou o Índice de Palma no Brasil, indicador que avalia quanto a mais os 10% mais ricos se apropriam do total dos rendimentos em relação aos 40% mais pobres. Segundo a pesquisa, o rendimento dos 10% mais ricos concentrava um valor 4,3 vezes maior que os 40% mais pobres do país em 2004, valor que caiu para 3,1 vezes em 2014.
Os números do IBGE mostram que, em 2014, os 40% mais pobres do Brasil recebiam 13,3% do total da massa de renda do país, percentual se manteve praticamente estável entre 2011 e 2014, depois de ter crescido de 2004 (10,6%) a 2011 (13,1%). A população que fica na faixa intermediária, entre os 40% mais pobres e os 10% mais ricos, elevou sua participação de 43,9% do total da renda para 45,6%. Já os 10% mais ricos detinham 45,5% do total dos rendimentos em 2004 e perderam participação, chegando a 41% em 2014.