A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revogou nesta quinta-feira (10/12) o título honorário concedido a Emilio Garrastazu Médici, no período em que foi presidente do Brasil (1969-1974), durante a ditadura militar. Sob aplausos, a decisão foi aprovada pelo Conselho Universitário na data em que se comemora o Dia Internacional da Declaração dos Direitos Humanos.
[SAIBAMAIS]A revogação do título contou com apoio dos estudantes, que fizeram um ato, pintando suas roupas e rostos de vermelho e preto, para lembrar os assassinatos e desaparecimentos de pessoas ligadas à universidade. Entre eles, está o do estudante de enegenharia Mário Prata, que dá nome ao Diretório Central do Estudantes; de Stuart Angel, da faculdade de economia, e do professor Lincoln Bicalho Roque, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da universidade.
Segundo a relatora do processo na Comissão de Memória e Verdade na UFRJ, a professora Lilia Pougy, pelo menos 26 alunos ou professores morreram ou desapareceram somente sob a gestão de Médici.
"Nesta lista comparecem 20 homens e seis mulheres de variadas unidades acadêmicas e centros universitários de diferentes áreas que perderam a vida em razão do seu engajamento político na transformação da sociedade", afirmou Lilia. "[Eles] ousaram defender a democracia, a cidadania reagindo contra o árbitro do governo militar", completou.
Médici havia recebido o título honorário da UFRJ em 1972, quando ainda era presidente da República. No mesmo período, um ginásio da faculdade de educação física, sob a gestão da nadadora Maria Lenk, foi batizado com o nome do general. A homenagem também foi retirada esta semana.