Movimentos organizaram protestos de rua para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff, neste domingo (13/12), desta vez com o objetivo de emparedar o Congresso. Se em abril, maio e agosto as manifestações eram a forma de pressão para que o pedido de impedimento fosse aceito, a partir do acolhimento, no dia 2, as ruas passaram a ser consideradas tanto pelo governo quanto pela oposição como o termômetro para a tramitação do processo no Parlamento.
Em Brasília, mais de seis mil pessoas, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, se manifestaram contra a presidente e pelo fim da corrupção, na Esplanada dos Ministérios. A mobilização pacífica, que durou cerca de três horas, terminou por volta das 13h, de acordo com a PM, sob céu fechado e chuva. Por volta das 11h, aproximadamente 600 manifestantes seguiram caminhando pela Esplanada, em direção ao Congresso Nacional. Vestidos em maioria de amarelo e com bandeiras do Brasil, os participantes executaram o Hino Nacional e bradaram palavras de ordem pedindo o afastamento da presidente.
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São Paulo
Vários carros de som estão estacionados ao longo da via, que, aos domingos, tem o tráfego de veículos interrompido. Os participantes do ato vestem camisas amarelas ou trazem adereços, como lenços faixas e pintura de rosto com as cores da bandeira nacional. Para o líder do Movimento Vem Pra Rua, um dos organizadores do protesto, Rogério Chequer, os atos de hoje, que ocorrem em diversas cidades, são ;o primeiro passo dessa nova fase da mobilização do povo;.
As manifestações deste domingo são as primeiras que pedem a destituição de Dilma desde que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou o pedido de impeachment apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. ;É uma fase importante, porque já tem uma busca concreta por mudança, e estamos apenas começando;, disse Chequer.
Ele admitiu que a manifestação de hoje deve ser menor do que outras ocorridas ao longo deste ano. ;Houve muito pouco tempo de divulgação. É normal que um movimento com menos tempo de divulgação tenha menos gente. Não nos surpreende;, ressaltou. Segundo o líder do Vem Pra Rua, a mobilização é importante para pressionar os parlamentares. ;É preciso que esses deputados, já a partir de agora, se posicionem e mostrem a sua posição com relação ao impeachment.;
Acompanhado da esposa e das duas filhas, de 7 e 5 anos, o administrador Eduardo Longo disse acreditar que o protesto é parte de um momento histórico. ;A gente não aguenta mais este governo. Primeiro, a corrupção está enorme. Depois, as medidas econômicas, as pedaladas fiscais e uma série de subsídios para setores escolhidos. Coisas que não incentivam uma economia livre;, reclamou.
Longo ressaltou que não é entusiasta de um possível governo Michel Temer, mas considera a possibilidade de o vice-presidente assumir o cargo, caso ocorra o impeachment, como um passo necessário para mudança de rumos no país. ;Como foi com o [ex-presidente e atual senador] Fernando Collor, lá atrás, o Itamar Franco foi um governo de transição. Ou seja, você saiu de um polo e foi para o outro.;
Além dos grupos que pedem a destituição de Dilma, aproveitam a mobilização militantes da campanha pela redução de impostos promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e partidários da volta do regime militar. De acordo com a Polícia Militar, até as 13h, a manifestação seguia pacífica, sem registro de incidentes.
Interior de São Paulo
Em Campinas, cerca de 10 mil pessoas protestam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, segundo o Movimento Brasil Livre e o Muda Campinas. A Polícia Militar e a Guarda Municipal não confirmam os dados e ainda não têm estimativa da quantidade de pessoas. As corporações não registraram ocorrências até o momento.
O ato começa a chegar no destino final, no Centro de Convivência Cultural, sob chuva fraca. O representante do PSDB, o advogado Flávio Henrique Costa Pereira, que também assina o principal pedido de impeachment, feito por Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr., compareceu à manifestação.
Pereira afirmou que o impeachment se dá em três frentes e já está em um bom caminho. "A frente jurídica está consolidada, é o pedido. A política está montada no Congresso. A última face do impeachment é a manifestação popular, o lado social. E a população está nas ruas dando o recado", afirmou, confiante no processo de afastamento da presidente.
O protesto em Ribeirão Preto, interior de São Paulo reuniu 2.500 pessoas, segundo a Polícia Militar. O número ficou bem abaixo das manifestações ocorridas em 15 de março e 12 de abril, por exemplo, quando até 40 mil manifestantes estiveram nas ruas da cidade. Os organizadores discordam da PM e falam em até 10 mil presentes no evento de hoje. "A PM conta cerca de 400 pessoas por quarteirão e foram oito quarteirões. Mas muitos estavam com pouca gente e temos de descontar ainda carros de som e uma bandeira que ocuparam espaços. Por isso, nosso número é de 2.500 pessoas", disse o capitão Henrique Carvalho, da PM, ao Broadcast.
Além disso, por conta da chuva no final do evento, muitos manifestantes dispersaram antes mesmo do ato de encerramento do protesto, na junção de três das mais movimentadas avenidas da cidade paulista. Não houve qualquer incidente e, ao contrário dos outros atos, o protesto de hoje priorizou apenas o pedido de impeachment de Dilma, poupando outros políticos e até mesmo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que autorizou o encaminhamento da proposta no Legislativo.
Marcado para começar às 10 horas, o movimento reunia no horário apenas cerca de 100 pessoas na Praça XV, região central de Ribeirão Preto. Por volta das 11 horas, após lideranças da manifestação - organizada pelos movimentos Brasil Limpo e Vem pra Rua - solicitarem aos presentes que convocassem amigos pelo WhatsApp, a passeata começou.
Belém
Em Belém, cerca de cinco mil pessoas, de acordo com a organização, participam da caminhada. Conforme a PM, 1.200 pessoas participam da manifestação. O protesto teve a participação do deputado federal delegado Éder Mauro (PSD-PA) - o PSD faz parte da base aliada do governo e tem o ministro das Cidades, Gilberto Kassab
Na capital paraense a manifestação iniciou por volta das 9h30 com caminhada no entorno da Praça da República. Logo no início da movimentação, integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a favor do governo Dilma, aparecem no local, o que gerou um princípio de tumulto. A Polícia Militar teve que intervir para controlar a situação.
Com faixas e cartazes contra o atual governo, os manifestantes seguem em direção da Praça Batista Campos, que marca o fim do ato. Ao todo 250 policiais militares realizam a segurança do evento.
Rio de Janeiro
Manifestantes que participam neste domingo, na Praia de Copacabana, defendem o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a convocação de novas eleições. Embora o alvo principal dos ativistas seja o afastamento da presidenta da República, é grande o número de pessoas que defendem a saída do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"A corrupção mata neste país. Tem que tirar todo mundo. Eu temo o Temer. Quero novas eleições", disse a biomédica Ana Lúcia Fragoso Kneip, que levava um cartaz onde estava escrito: "Fora, Renan e Eduardo Cunha", com as siglas PT e PMDB riscadas com um xis.
A professora universitária Silvia Soares também defendia mudanças gerais, com a convocação de novas eleições: "A Dilma é só uma pessoa. Não adianta tirar só ela. O problema é o nosso sistema corrupto. A gente tem que mudar o sistema político. Tem que haver uma cassação de chapa, porque se o Temer foi eleito com dinheiro roubado, ele tem que sair junto com ela [Dilma]. A solução é chamar novas eleições", afirmou.
Para a aposentada Sandra Maria Bernhardt, o principal objetivo é a saída de Dilma da Presidência. "Que a Dilma saia e o Temer assuma, por enquanto. É o que temos para o momento", disse Sandra, que fez questão de comparecer à passeata, apesar do calor forte, em uma cadeira de rodas.
Belo Horizonte
Manifestantes começam a chegar à Praça da Liberdade, região Centro-Sul de Belo Horizonte, para o protesto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Pelo menos dois grupos fazem parte da organização da manifestação de hoje, o Vem pra Rua e o Patriotas. Dois carros de som acabam de chegar à praça. As ruas no entorno da praça, até o momento, não foram fechadas ao trânsito de veículos, como em protestos anterior. Na última manifestação, em 16 de agosto, cerca de 6 mil pessoas estiveram na região, conforme informações da Polícia Militar à época.
Dois empresários, Diego Fernandes, de 30 anos, e Alexandre Lamounier, de 34 anos, aproveitam o protesto para recolher assinaturas para a criação do Partido Militar Brasileiro (PMB - mesma sigla que está sendo usada pelo Partido da Mulher Brasileira). "A maior parte das pessoas que nos apoia é formada por civis. A nossa inspiração nos militares é em relação à hierarquia", afirma Diogo. Ambos, contam, estudaram em escolas militares. Os empresários, entre 12h30 e 13h, afirmam ter conseguido cerca de 100 assinaturas para a criação do partido na Praça da Liberdade. Para criar um partido, o Tribunal Superior Eleitoral exige o apoio de 0,1% do eleitorado, ou 486 mil assinaturas.
A Polícia Militar prendeu um homem de aproximadamente 30 anos que teria tentado furar um dos bonecos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido como presidiário levados à praça por manifestantes a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Houve tumulto no momento em que o homem era levado para uma viatura e a PM lançou gás lacrimogêneo para conter as pessoas. Até o momento, este é o único incidente na Praça da Liberdade.
A Polícia Militar de Minas Gerais informou que, no auge da manifestação, por volta das 14h30, cerca de 5 mil pessoas participavam do protesto contra a presidente na capital mineira. Na última manifestação contra o governo Dilma, em 16 de agosto, cerca de 6 mil pessoas estiveram na praça.
Políticos do PSDB, como deputado estadual João Leite e o deputado federal Rodrigo de Castro, compareceram à praça, mas não fizeram discursos. Segundo João Leite, apesar de o protesto ter sido menor que os anteriores, as pessoas estavam muito indignadas. "Quase agridem a gente querendo que façamos alguma coisa. Fiquei consternado", disse o parlamentar.
Recife
Em Recife, capital de Pernambuco, a manifestação pró-impeachment reúne, neste momento, cerca de 500 pessoas na praça do Marco Zero, região central da cidade. Na capital pernambucana o ato é coordenado pelos movimentos Estado de Direito, Vem pra Rua e Direita Pernambuco. De acordo com Diego Lajedo, coordenador do Estado de Direito, outras mobilizações deverão ser realizadas nas próximas semanas, com o mesmo mote: a defesa do afastamento da presidente Dilma Rousseff. "O povo acordou e está na rua", disse.
Apesar de defender o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o coordenador do Vem para a Rua, Gustavo Gesteira, afirma que o ato de hoje é exclusivo para pedir o impeachment de Dilma. Estão presentes vários políticos dos partidos de oposição ao governo federal. Entre eles os deputados estaduais Bruno Araújo (PSDB), Mendonça Filho (DEM), Daniel Coelho (PSDB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB). A Polícia Militar de Pernambucano não divulgou nenhuma estimativa de público do evento.
[SAIBAMAIS]Salvador
A manhã quente e ensolarada deste domingo, 13, se mostrou bem mais atraente para o banho de mar do que para manifestações de rua em Salvador, onde a Polícia Militar estimou em 500 o número de pessoas que participaram do protesto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O público foi bem menor que o de eventos anteriores, e que o esperado pelos organizadores dos movimentos Vem Pra Rua e Na Rua.
Os organizadores acreditavam reunir cerca de cinco mil pessoas até as 14 horas no Farol da Barra, onde aconteceram os protestos, mas findaram afirmando que entre 1.500 e 2 mil pessoas estiveram no local, pela manhã. Líderes do Vem Pra Rua garantiram que o objetivo não era realizar uma grande mobilização, mas manter o clima de impeachment na rua. Segundo o movimento, o grande evento popular está marcado para o dia 13 de março de 2016, ou seja, daqui a três meses, em data mais próxima à votação do impeachment.
Vestida de verde e amarelo, a professora Carla Matos de Souza, 48 anos, sempre presente a todos os eventos contra o governo petista, se disse, porém, decepcionada. "A gente esperava que fosse algo mais forte, pelo que vem se falando nos meios de comunicação, nas redes sociais, pela indignação popular com o que estão fazendo contra o Brasil e a classe trabalhadora. Mas quando a gente chega aqui, vê esse numero de pessoas, é triste. Parece que tudo não passa de discurso da boca pra fora", desabafou ao deixar o local, em companhia de outras duas amigas, igualmente decepcionadas, por volta das 13 horas, quando o público começou a se dispersar.
Ela ainda chamou atenção para os representantes de classe que discursaram contra o governo federal, defendendo a continuidade do processo de impeachment e das investigações da Operação Lava Jato. "Ao menos eles vieram dar voz ao evento e aos nossos sentimentos", comentou referindo-se a alguns políticos de partidos de oposição ao governo, e representantes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil, dos Médicos e outras categorias. No gramado em frente a farol foi estendida uma enorme faixa com a inscrição "Fora, Dilma", para que as pessoas pudessem expressar, por escrito, o seu sentimento sobre o governo Dilma. Duzentos e sessenta e um policiais militares fizeram a segurança da manifestação, que transcorreu de forma pacífica.
Porto Alegre
Na capital gaúcha, a concentração para o protesto em defesa do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) começou às 15 horas com uma estrutura pequena e sem estimativa de público por parte dos organizadores. "Preferimos deixar livre, não temos previsão, porque sabemos que não vai se comparar aos protestos anteriores", disse Rafael Bandeira, um dos porta-vozes do Movimento Brasil Livre no Rio Grande do Sul.
Nos três atos que os movimentos contrários a Dilma realizaram ao longo do ano, Porto Alegre se destacou pela alta adesão. Desta vez, assim como em outras cidades, os organizadores fazem questão de dizer que a mobilização não será algo do porte das que levaram milhares de pessoas às ruas em 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto. Por isso, a manifestação deste domingo é considerada um "esquenta" para um grande protesto a favor do impeachment que deve ser realizado em 2016, ainda sem data marcada.
Os outros atos em Porto Alegre começaram e terminaram no Parque Moinhos de Vento, mais conhecido como Parcão, e tiveram passeata pelas ruas da cidade. Hoje, a concentração acontece no Parque Farroupilha, na Redenção. A mudança é para marcar a diferença com relação às manifestações anteriores.
O Movimento Brasil Livre no Rio Grande do Sul organizou uma vaquinha online para financiar o evento de hoje. O objetivo era arrecadar R$ 15 mil para confecção de cartazes, panfletos e faixas, além de verba para segurança e carro de som. Até as 15 horas deste domingo, haviam sido doados R$ 3,990 mil.
Curitiba
O ato pelo impeachment da presidente Dilma realizado na tarde deste domingo em Curitiba teve dois personagens como tema dos gritos de ordem: o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava Jato, aclamado como herói, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin, como vilão.
Segundo estimativas da Polícia Militar, cerca de 7 mil pessoas compareceram à manifestação. A organização, feita por três movimentos - Curitiba contra a Corrupção, Movimento Brasil Livre e Marcha com Deus pela família e pela liberdade - contabilizou 20 mil manifestantes. As convocações foram feitas através das redes sociais e, de acordo com os próprios organizadores, sem ligações com qualquer partido político.
Assim como Moro, da Justiça Federal em Curitiba, Fachin também tem ligação com a cidade: embora seja gaúcho, ele é professor do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná. A praça em frente ao prédio histórico da UFPR é o local das concentrações para todas as manifestações da cidade. Fachin decidiu nesta semana suspender o rito do impeachment até análise da questão pelo plenário do STF, marcada para quarta-feira, 16, e foi criticado pelos manifestantes como "comprado" e "corrupto".
Foi a quinta manifestação organizada pelos mesmos grupos neste ano contra a presidente Dilma e o PT. A maior delas ocorreu em 15 de março, quando chegou a reunir cerca de 60 mil pessoas. "O nosso movimento é composto apenas por cidadãos. É o povo na rua. Nós não somos sindicatos ou organizações pagas pelo governo federal", afirma Cristiano Rocha, um dos organizadores da manifestação.
O grupo Curitiba contra a corrupção vendia camisetas com a estampas do rosto do juiz Sérgio Moro para arrecadar fundos para esta e outras manifestações. Segundo Rocha, o aluguel do boneco inflável "Pixuleco", com a figura do ex-presidente Lula vestido de presidiário, custou R$ 3 mil. Além desta despesa, foram alugados dois caminhões de som para o ato deste domingo. Cada camiseta custava R$ 30. Os grupos se revezaram em discursos e depois seguiram em caminhada pelo calçadão da Rua das Flores, acompanhados de longe pela Polícia Militar. Não foram registrados incidentes.
Com informações da Agência Estado e Agência Brasil