postado em 16/12/2015 14:34
Estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) resolveram manter a ocupação do campus da instituição, no Maracanã, zona norte do Rio, mesmo após o anúncio por parte da universidade de que as aulas retornariam hoje (16/12) por decisão do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão. Os alunos cobram o pagamento dos terceirizados, bolsistas e cotistas, embora a universidade garanta que já tenha efetuado o pagamento. A paralisação já dura 21 dias.A estudante de serviço social, Pamela Fagundes, desmentiu o suposto pagamento por parte da universidade e questionou o tratamento do estado com a educação. ;Os salários continuam atrasados. Não houve pagamento. O reitor não conhece a situação da própria faculdade que ele administra, afinal, ainda temos terceirizados que não recebem desde outubro, isso sem mencionar o décimo terceiro. A UERJ está sendo precarizada, e estamos às vésperas de um corte de 46% nos investimentos. Isso provoca na gente a dúvida de qual é a prioridade do governo do estado: gasto com Olimpíadas e subsídios de empresas ou investimento na educação? Essa nossa postura é uma reafirmação de que não aceitaremos uma espécie de desmonte no setor.;
Para a estudante, há o temor por ameaças, já que os alunos estão sendo criminalizados. ;Não somente aqui, como também na ocupação das escolas em São Paulo, nós estamos observando uma criminalização enorme do movimento estudantil. O pedido de reintegração de posse feito através do Vieiralves, nosso reitor, demonstra isso. Então a gente só exige respeito, pois somos grande parte da UERJ;, disse.
O pedido de reintegração de posse mencionado pela estudante foi negado pela juíza Ana Cecilia Argueso Gomes de Almeida, da 6a. Vara de Fazenda Pública da Capital, nesta terça-feira (15/12). A juíza solicitou o diálogo entre as partes para que haja um acordo.
O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro (Sintuperj), Jorge Luiz Matos de Lemos, condenou a ocupação. Para ele, os estudantes perderam as rédeas do movimento. ;O sindicato apoia todo e qualquer movimento, mas os estudantes estão desrespeitando duas categorias importantes nessa discussão, que não estão em greve, que são os técnicos-administrativos e os professores. Nenhum setor pode se sobrepor ao outro. Isso é uma humilhação. Eu trabalho aqui há mais de 40 anos e nunca vi tamanha insensatez como a desse movimento;. Diferentemente dos estudantes, Jorge Luiz disse ter informações de que o pagamento de alunos e terceirizados já foi efetuado.
A funcionária da universidade, Alice Venturini, classificou o movimento como equivocado, e pediu uma mudança de foco aos estudantes. ;Eu entendo a revolta, mas eles estão se manifestando no local errado. Se querem pressionar o Pezão, eles tem que ir para a Alerj [Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro], e não tirar da gente o direito de entrar no nosso ambiente de trabalho."
"A partir de ontem, eles adotaram essa postura mais radical de não deixar, de fato, ninguém entrar. E sem ninguém entrar, eu, como funcionária do RH, não conseguirei processar a folha de pagamento, fazendo com que os servidores não recebam seu salário de dezembro, que é pago em janeiro. Eles acham que com essa postura, iremos adotar a causa , mas isso só afasta. O movimento se tornou algo antidemocrático, porque os estudantes falam o que querem,mas infelizmente não ouvem a outra parte;, lamentou.
Em comunicado divulgado no seu site, a UERJ, através do seu reitor Ricardo Vieiralves, orientou que os servidores da universidade encaminhem um email para o endereço presencauerj@gmail.com, comunicando que a pessoa não compareceu ao trabalho por ter sido impedida de adentrar pelos manifestantes.