Diário de Pernambuco
postado em 24/12/2015 10:16
O turista paranaense Márcio de Castro Palma, 33 anos, mordido por um tubarão em Fernando de Noronha na última segunda-feira (21/12), conversou na quarta-feira com a imprensa. Ao Diario, ele disse que em nenhum momento pensou em desistir.
Como foi o momento em que o tubarão atacou você?
Eu queria fazer um segundo mergulho. Perguntei à minha esposa se ela queria entrar novamente, porque eu queria ver mais alguns peixes, na parte da esquerda. Minha esposa ficou, a, mais ou menos, uns 50m da areia e eu fui me afastando. Fui tentar olhar alguma coisa. Fiz um giro de 360 graus e, quando me posicionei de volta para o oceano, eu vi o tubarão na minha frente. Ele já estava abrindo a boca. Tentei me desvencilhar e fui nadar para trás. Foi quando minha mão direita entrou na boca dele. Ele me chacoalhou bem forte. No segundo chacoalho, ele arrancou meu braço.
[SAIBAMAIS]Você recebeu as orientações adequadas para o mergulho?
Eu já tinha experiência com mergulho, principalmente com cilindro, mas nunca tive contato com tubarão. Na hora, foram passadas informações sobre como proceder no mergulho e o que estava acontecendo na água. Foi citado, na hora em que chegamos, a presença de tubarão. Nos falaram que é uma espécie que não é carnívora. Acredito que se deve passar informações mais precisas para o turista, porque, pelo menos, não pega ninguém desprevenido. Mas nós sabemos que ali há um risco, é um ambiente selvagem. Eu acredito que o meu caso foi um caso isolado. E recomendaria, sim, Noronha, para os turistas.
Você se sentiu seguro para fazer o mergulho?
Eu sabia que no Recife os ataques eram frequentes. Mas não ouvi nada de ataques em Noronha. Na hora que eu cheguei, não tinha medo de tubarão. Não tive medo. Sabia que podia encontrar o tubarão. Em nenhum momento, achei que era seguro, mas também não tive medo.
Em algum momento você achou que não conseguiria sair com vida daquela situação?
Eu pensei que ele poderia me atacar novamente. Mas em nenhum momento pensei em desistir. Eu estava sagrando e tinha que escapar daquela situação. Graças a Deus eu sobrevivi.
Como você encara a sua vida depois do acidente?
De primeiro momento, eu vou sofrer um pouco mais. Eu não vou ter mais a minha mão direita. Vou ter que fazer uma cirurgia para regularizar o osso, aguardar a cicatrização, fazer cirurgia plástica e depois uma possível prótese. São novos desafios que eu vou enfrentar na minha profissão, mas eu acredito que eu vou conseguir.