Brasil

Novo secretário descarta fechamento de emergências e hospitais no Rio

O secretário adiantou a intenção de mudar o perfil de algumas unidades de pronto-atendimento (UPAs)

postado em 04/01/2016 21:40
A crise no sistema de saúde do Rio de Janeiro não vai provocar o fechamento de unidades de emergência no estado, nem de unidades especializadas como os hospitais do Cérebro e da Criança, afirmou hoje (4) o novo secretário de Estado de Saúde do Rio, Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior.

;Vamos trabalhar para otimizar os recursos do Hospital do Cérebro e do da Criança e buscar um financiamento melhor. Vou trabalhar para trazer financiamento privado também;, disse Teixeira. O secretário adiantou a intenção de mudar o perfil de algumas unidades de pronto-atendimento (UPAs), especialmente as localizadas perto de hospitais, e reconheceu que nesse processo os serviços podem ser interrompidos por um curto espaço de tempo, o que não significa a suspensão do atendimento nas emergências.



;Tenho um sonho de fazer UPAs infantis para ter um atendimento separado para crianças, e aí, para adequar todas as instalações, pode haver uma curta interrupção de serviços. Mas as emergências dos nossos hospitais, vamos trabalhar para que funcionem todos os dias;, afirmou o secretário, na primeira entrevista coletiva após assumir o cargo. Teixeira falou aos jornalistas no Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Cepe), na zona sul do Rio.

De acordo com o secretário, a dívida atual do setor de saúde no estado é de R$ 1,4 bilhão. Teixeira considera a situação difícil e disse que a saída é renegociar contratos com fornecedores para alcançar uma redução de pelo menos 30% nos gastos. ;Vamos olhar o que está contratado para serviços administrativos, para serviços com profissionais, com locação de veículos, com compra de material gráfico, e pegar todos esses recursos e utilizar na ponta, levar esses recursos para o atendimento médico;, afirmou.

Fim dos aluguéis
Entre as medidas de redução gastos, o secretário adiantou que serão desocupados todos os imóveis alugados nos quais estão instalados os setores administrativos. A estimativa é de redução nos custos em torno de R$ 3 milhões anuais. Teixeira espera que em até 90 dias a questão esteja resolvida. ;O governador [Luiz Fernando Pezão] tem um projeto de unificar todas as secretarias em um só espaço, mas, antes mesmo que isso aconteça, vou esvaziar esses imóveis e cortar realmente todo e qualquer aluguel administrativo.;

Luiz Antônio Teixeira disse que, para janeiro, o sistema de saúde do Rio vai receber R$ 90 milhões, correspondentes à antecipação de duas parcelas referentes aos repasses mensais feitos pelo governo federal para os atendimentos de média e alta complexidade. Ele pretende discutir com o governo federal o aumento no valor mensal de R$ 45 milhões, lembrando que o estado da Bahia recebe R$ 112 milhões. O argumento que o secretário vai usar é que o estado do Rio é prestador de serviços em hospitais próprios.

Teixeira informou que o Hospital Estadual Albert Schweitzer passará a contar com um neurocirurgião no plantão, questão que, hoje, ele considera um problema no atendimento à zona oeste da cidade. ;Precisamos melhorar nosso acolhimento, nossa porta de entrada. E, com um espaço de tempo, conseguiremos ter uma melhoria nas nossas portas de entrada no estado do Rio de Janeiro.;

Para Teixeira, o Carlos Chagas talvez seja um dos maiores problemas entre as unidades estaduais de saúde, porque, além de não ser administrado por apenas uma organização social, funciona com diversos modelos com serviços contratados de alimentação, no laboratório e o centro de terapia intensiva, que são terceirizados. ;O Hospital Carlos Chagas talvez seja um dos maiores desafios que existem na rede, e é o primeiro hospital em que vou mudar a porta de entrada;, disse o secretário. Segundo o secretário, um dos problemas dessa unidade é a falta de ar-condicionado na sala de medicação.

Mudança de cultura
Teixeira ressaltou que assumiu para "mudar uma cultura" e mostrar que o mais importante é o atendimento ao paciente, e não a parte administrativa. "[Esta] é muito importante, mas não adianta ter tudo arrumadinho na sala do diretor, na sala do RH [recursos humanos], os computadores todos funcionando e as pessoas espremidas no corredor. Essa cultura, eu vou trabalhar todos os dias para mudar;, afirmou o secretário.

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