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Ladrão devolve dinheiro roubado de advogado: 'Peço que me perdoe'

Homem teve carteira roubada, com documentos e mais de mil reais, no réveillon. Surpresa veio cinco dias depois, com arrependimento da pessoa, que confessou no bilhete ter ficado com R$ 50 para comprar champanhe para a mãe

Rio de Janeiro, RJ - ;Quem me protege não dorme;. A frase no final do relato feito no Facebook do carioca Eduardo Goldenberg, 46 anos, é o resumo que ele dá para uma curiosa história ocorrida no réveillon, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Depois de ter a carteira furtada no trajeto para a festa de ano-novo na casa de amigos, o advogado foi surpreendido, na terça-feira (5/1), com um envelope branco, com quase todo o dinheiro que estava no objeto subtraído e uma carta com pedido de desculpas do ladrão.



Envelope branco
A surpresa veio na terça-feira (5/1), já que ele não havia ido trabalhar na segunda-feira (4/1). Segundo o relato dele no Facebook, ao chegar ao escritório, ele se deparou com um envelope branco fechado, sem nada escrito nem na frente e nem no verso, com considerável volume dentro. ;Senti que era dinheiro, só no tato. Entrei, já aflito. Tranquei a porta. Acendi as luzes, sentei-me, pus os óculos, abri com cuidado o envelope e contei, atônito, R$ 967,00 em dinheiro;.

O ladrão que havia furtado os pertences do advogado ainda deixou um bilhete manuscrito, contando sobre o arrependimento pelo crime. "Dr. Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe. Fábio".

;Soco no estômago;
O empresário contou que o espanto maior foi com a ;possibilidade de encontrar pessoas que ainda tem consciência;. ;Nós todos somos massacrados o tempo inteiro e temos profunda desesperança na sociedade. Então, uma coisa dessas acontecer é como se fosse um soco no estomago;, relatou.

Ele também explica que sentiu piedade pela pessoa, mesmo diante de um crime. ;Fiquei mexido, pensando na situação passada por ele, porque não é fácil fazer o que ele fez. Pensei ainda no tipo de pessoa que poderia ser, uma criança talvez, por conta da letra, por citar o presente para a mãe. (...) Não vou saber nunca quem foi, mas fiquei com pena;, disse.

A situação é totalmente inédita para o advogado, que agora se sente ;premiado; por ter sido o alvo de um sentimento de arrependimento de outra pessoa. ;É um grande prenúncio de coisas boas para o ano;, concluiu.