Jacqueline Saraiva
postado em 08/01/2016 06:51
Rio de Janeiro, RJ - ;Quem me protege não dorme;. A frase no final do relato feito no Facebook do carioca Eduardo Goldenberg, 46 anos, é o resumo que ele dá para uma curiosa história ocorrida no réveillon, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Depois de ter a carteira furtada no trajeto para a festa de ano-novo na casa de amigos, o advogado foi surpreendido, na terça-feira (5/1), com um envelope branco, com quase todo o dinheiro que estava no objeto subtraído e uma carta com pedido de desculpas do ladrão.Ao Correio, ele contou que saiu da casa onde mora, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, para as tradicionais comemorações do ano-novo. Mas fugiu da regra de levar apenas a chave de casa, dinheiro e um documento de identificação. ;Nesse último réveillon, sem qualquer razão aparente, saí de casa com a carteira que uso no meu dia-a-dia: cheia de documentos, carteira da OAB, cartões de banco, da seguradora, carteira do plano de saúde, do programa de sócio-torcedor do Flamengo, meus cartões de visita, tudo. E R$ 1.017,00 em dinheiro;, relatou na internet.
Ao chegar à estação Siqueira Campos, em Copacabana, ele sentiu quando alguém colocou a mão no bolso esquerdo da bermuda e levou o item de valor. Não houve tempo para reação, por conta da rapidez do criminoso. ;Nada disso importa, é 31 de dezembro, que façam bom uso do dinheiro, dos documentos eu peço a segunda via e vamos pra festa que é o que interessa;, pensou.
No primeiro dia de 2016, ele recebeu uma mensagem pelo Facebook de uma pessoa que afirmava ter encontrado a carteira dele nas proximidades de onde o advogado havia passado o réveillon. Eduardo Goldenberg conseguiu então recuperar a carteira com os documentos, mas sem o dinheiro e os cartões de visita.
Envelope branco
A surpresa veio na terça-feira (5/1), já que ele não havia ido trabalhar na segunda-feira (4/1). Segundo o relato dele no Facebook, ao chegar ao escritório, ele se deparou com um envelope branco fechado, sem nada escrito nem na frente e nem no verso, com considerável volume dentro. ;Senti que era dinheiro, só no tato. Entrei, já aflito. Tranquei a porta. Acendi as luzes, sentei-me, pus os óculos, abri com cuidado o envelope e contei, atônito, R$ 967,00 em dinheiro;.
O ladrão que havia furtado os pertences do advogado ainda deixou um bilhete manuscrito, contando sobre o arrependimento pelo crime. "Dr. Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe. Fábio".
;Soco no estômago;
O empresário contou que o espanto maior foi com a ;possibilidade de encontrar pessoas que ainda tem consciência;. ;Nós todos somos massacrados o tempo inteiro e temos profunda desesperança na sociedade. Então, uma coisa dessas acontecer é como se fosse um soco no estomago;, relatou.
Ele também explica que sentiu piedade pela pessoa, mesmo diante de um crime. ;Fiquei mexido, pensando na situação passada por ele, porque não é fácil fazer o que ele fez. Pensei ainda no tipo de pessoa que poderia ser, uma criança talvez, por conta da letra, por citar o presente para a mãe. (...) Não vou saber nunca quem foi, mas fiquei com pena;, disse.
A situação é totalmente inédita para o advogado, que agora se sente ;premiado; por ter sido o alvo de um sentimento de arrependimento de outra pessoa. ;É um grande prenúncio de coisas boas para o ano;, concluiu.