Hellen Leite
postado em 14/01/2016 12:58
A ativista social Nilce de Souza Magalhães, de 50 anos, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), está desaparecida desde o dia 7 de janeiro. A pescadora, mais conhecida como ;Nicinha;, foi levada supostamente à força de um acampamento as margens da BR-364, distante 150 KM de Porto Velho, segundo relato de conhecidos. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia de Nova Mutum-Paraná no dia do incidente, mas as buscas efetivas só começaram na manhã de quarta-feira (13/1). A investigação está sendo conduzida pelo Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil local. [SAIBAMAIS]Nicinha ficou conhecida na região pela luta no Movimento dos Atingidos por Barragens, denunciando as violações de direitos humanos cometidas pelo consorcio responsável pela Usina de Jirau, Energia Sustentável do Brasil (ESBR). ;A Nicinha atuava na região há muito tempo e o acampamento onde ela vive é a prova de que houve fraude na hidrelétrica de Jirau;, comenta o coordenador do MAB em Rondônia, Francisco Kelvim Nobre.
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As denúncias que Nilce ajudou a construir geraram dois inquéritos civis públicos contra o consórcio que administra Jirau. A concessionária foi condenada e obrigada a pagar uma verba indenizatória a todos as famílias atingidas pelo empreendimento, mas o pagamento só foi realizado a pescadores em vulnerabilidade alimentar. ;Em Guajará Mirim, por exemplo, são 300 pescadores cadastrados e que foram atingidos, mas apenas 9 receberam a indenização;, denuncia o coordenador do MAB.
A pescadora também denunciou a existência de áreas de floresta alagadas pelo reservatório da barragem, a devastação das castanheiras e a contaminação da água dos rios da região em decorrência da construção da usina.