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Zika multiplica microcefalia, diz estudo; país investiga 3.448 casos

O Ministério da Saúde informou nessa quarta-feira que há registros de microcefalia em 23 Estados e no Distrito Federal e os relatos atingiram 830 municípios no país



Combate
Enquanto não existe vacina, o governo federal decidiu ontem detalhar a estratégia para ampliar o combate ao Aedes pós-carnaval, mobilizando 60% do efetivo das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). O anúncio aconteceu dois dias depois de a presidente Dilma Rousseff cobrar demonstrações públicas de ação.

Inicialmente, 50 mil homens atuarão diretamente visitando residências para eliminar focos de proliferação do mosquito e orientar moradores. Essa ação ocorrerá entre os dias 15 e 18 do próximo mês e será articulada em conjunto com o Ministério da Saúde e com os governos estaduais e municipais. Atualmente, há 2 mil militares nas ruas.

A tropa completa, de 220 mil homens, vai ser mobilizada para atuar em uma campanha de caráter educativo, com a entrega de panfletos com orientações à população. A mobilização está prevista para ocorrer no dia 13 de fevereiro e a ideia é visitar 3 milhões de casas em 356 municípios - 115 deles considerados endêmicos.

O Ministério da Defesa também vai colocar homens e mulheres para participar da campanha que o Ministério da Educação vai realizar em escolas. Depois do puxão de orelha da presidente, os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Marcelo Castro (Saúde) também iniciaram ontem uma rodada de negociações para comprar repelentes que serão distribuídos a cerca de 400 mil grávidas inscritas no programa Bolsa Família.

Balanço
O Ministério da Saúde informou nessa quarta-feira que há registros de microcefalia em 23 Estados e no Distrito Federal e os relatos atingiram 830 municípios no país. São 3.448 casos suspeitos de microcefalia, 270 confirmados - 6 com relação confirmada com o zika vírus - e 462 descartados. Entre 22 de outubro e 23 de janeiro deste ano, o governo oficializou 4.180 notificações - englobando casos em investigação, confirmados e descartados. Também foram registradas 68 mortes durante a gestação ou após o nascimento.

Sobre as mortes que foram contabilizadas, 12 têm relação confirmada com infecção congênita e dez delas aconteceram no Rio Grande do Norte. Outros 51 óbitos estão sendo investigados.

Professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Celso Granato diz que a possível subnotificação dos casos de microcefalia antes do surto, tendo em vista que a notificação não era compulsória, fez com que especialistas em saúde e órgãos como o ministério não tivessem a real dimensão do problema no país. "É possível que o número de casos já fosse maior, mas estava subnotificado", explicou o também diretor-clínico do laboratório Fleury. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo