Estado de Minas
postado em 28/01/2016 12:10
Cerca de um milhão metros cúbicos de rejeitos se moveram da Barragem Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas, nessa quarta-feira. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que realizou ontem uma vistoria prévia no reservatório. Hoje, técnicos do órgão federal farão nova inspeção no local.
O volume que se deslocou da Barragem do Fundão seria suficiente para encher mais 360 piscinas olímpicas (50 metros de comprimento por 25m de largura).
Para o superintendente do Ibama em Belo Horizonte, Marcelo Belisário Campos, o deslocamento registrado ontem expõe o risco de novos deslizamentos de rejeitos de minério no reservatório. "Entendemos que o evento de ontem mostra que o rompimento não cessou e existe um remanescente considerável, algo em torno de 20 milhões de metros cúbicos dentro da Barragem de Fundão. A área está degradada é exposta a intempéries", observou o superidente durante uma audiência pública na Assembleia, nesta quinta-feira.
Belisário disse ainda estar preocupado com as medidas de segurança adotadas depois do rompimento do início do novembro. "Vemos com preocupação fatores de segurança abaixo do aceitável. É obrigação do Ibama cuidar dos riscos. Está claramente identificado que existe um volume que pode ser carreado ao rio. A construção de diques é importante é necessária , mas não dão conta dos rejeitos que permanecem em Fundão e Santarém".
O deslocamento do material sólido obrigou a Samarco (controlada pela Vale e BHP Billiton) a retirar trabalhadores que atuavam no local e acionar o alerta amarelo, assustando a população. O movimentação de rejeitos ocorreu menos de três meses após o maior desastre socioambiental do Brasil, que deixou 17 pessoas mortas e duas desaparecidas. Além das perdas humanas, a tragédia devastou dois distritos de Mariana e a lama da mineração chegou ao Rio Doce e ao Oceano Atlântico, no Espírito Santo.
A Defesa Civil de Mariana foi avisada do deslocamento pela empresa na tarde de ontem. De acordo com o chefe do órgão, Welbert Stopa, não houve vítimas. ;Houve um deslocamento de massa. Foi material acumulado que se movimentou;, afirmou Stopa. Ele detalhou que esses materiais acumulados são sedimentos do vazamento de novembro e que foi adotado o alerta amarelo, em uma escala de risco que ainda tem o verde (sem perigo) e vermelho (rompimento iminente).
Em nota, a Samarco informou que ocorreu uma ;movimentação de parte da massa residual da Barragem do Fundão devido às chuvas das últimas semanas;. A empresa destacou que seguiu o plano de emergência e evacuou o local. ;Não houve a necessidade de acionamento de sirene por parte da empresa. As defesas civis de Mariana e Barra Longa foram devidamente informadas;, garantiu a mineradora.
Após o rompimento em 5 de novembro, a mineradora foi obrigada a monitorar as barragens de forma ostensiva, com drones e piezômetros (equipamento que mede a pressão dos reservatórios). Além disso, a empresa teve que apresentar um plano de emergência para as barragens Santarém e Germano, o que fez, com atraso, no dia 13.