Jornal Correio Braziliense

Brasil

Mães de bebês com microcefalia no Recife relatam situações de preconceito

Além de lidar com a rotina de tratamento de um filho com a malformação, mulheres são vítimas de comentários intolerantes

As barreiras para cuidar do filho com microcefalia são muitas na vida da auxiliar de cozinha Rayana Silva, 23. Acordar de madrugada para pegar o ônibus de Arcoverde ao Recife, percorrer hospitais, esperar até 15 horas com o filho no colo para voltar para casa. Diante de todas as dificuldades, uma é ainda difícil de superar: o preconceito. Situações de discriminação têm sido frequentes na rotina das mães de bebês com a malformação.



Como na maioria dos pré-julgamentos diante do diferente, muitas vezes a discriminação acontece de forma velada. ;Minha mãe estava com meu filho no braço quando uma vizinha virou para o motorista do carro e disse ;cuidado, visse, com a cabecinha de microcefalia;, relata Marcela. Entre ela e o marido, o trato é não deixar de fazer nada por causa disso. ;Não deixo de sair com o bebê para canto nenhum.;

Enquanto Marcela acredita na força de sua presença, Rayana encontrou uma forma simples de permanecer acreditando na bondade das pessoas. Observar a relação do filho mais velho, de quatro anos, com o pequeno. A criança faz questão de contar a todo mundo que ganhou um irmão. Beija, abraça e diz que ama muito.