João Henrique do Vale/Estado de Minas, Paulo Henrique Lobato
postado em 23/02/2016 16:46
A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão de sete pessoas consideradas responsáveis pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, que deixou 17 mortes, dois desaparecidos, e 725 pessoas desabrigadas. O inquérito para apurar as causas do rompimento foi encerrado e está sendo apresentado na tarde desta terça-feira (23/2), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Entre as pessoas que tiveram a prisão pedida, estão seis funcionários da Samarco e um da consultoria VogBR.Leia mais notícias em Brasil
A conclusão das investigações sobre a tragédia foi adiada por três vezes a pedido da Polícia Civil. O primeiro inquérito foi aberto em 6 de novembro, um dia depois do rompimento da barragem. O documento com as conclusões da tragédia possui 13 volumes, 2.432 páginas. Foram colhidos aproximadamente 100 depoimentos de testemunhas e envolvidos diretamente na tragédia. Os resultados foram apresentados pela chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, delegada Andrea Vacchiano, o delegado regional de Ouro Preto e responsável pelo inquérito, Rodrigo Bustamante, e o perito criminal Otávio Guerra, responsável pelo laudo técnico da causa do rompimento.
[SAIBAMAIS]Foram indiciados por homicídio qualificado, inundação e poluição de água potável seis pessoas ligadas a Samarco, e um funcionário da VogBR. O presidente licenciado da empresa, Ricardo Vescovi de Aragão, o diretor-geral de operações, Kléber Luiz de Mendonça Terra, que também está afastado, o gerente-geral de projetos, Germano Silva Lopes, gerente de operações, Wagner Milagres Alves, coordenador técnico de planejamento e monitoramento, gerente de geotecnia e hidrogeologia, coordenadora de operações de barragens, Daviely Rodrigues da Silva, e o engenheiro responsável pela declaração de estabilidade da Barrragem do Fundão, da empresa VogBr, Samuel Santana Paes Lourdes.
Por causa da complexidade das investigações, o inquérito foi desmembrado. O segundo procedimento apura os crimes ambientais e licenciamentos da barragem. O prazo para a conclusão é até 12 de março. Por isso, outras pessoas podem ser incluídas no indiciamento e outros crimes podem ser atribuídos aos indiciados.
A tragédia também é investigada pela Polícia Federal (PF). No fim do mês passado, o Estado de Minas revelou, com exclusividade, que o relatório da PF aponta "dolo eventual" - quando se assume o risco, mesmo sem intenção de que o crime aconteça - da Samarco, proprietária da barragem, na tragédia de Mariana. A polícia já responsabilizou seis funcionários da mineradora, incluindo o presidente afastado, Ricardo Vescovi.
As apurações estão em curso. Na última semana, equipes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em escritórios da empresa Samarco, dona da Barragem do Fundão. A ação ocorreu em Mariana, em Anchieta, no Espírito Santo, e na casa de um engenheiro da empresa. As buscas fazem parte do inquérito que investiga os danos ambientais causados pelo rompimento.