Brasil

Executivo do Facebook detido no Brasil deixa centro de detenção em SP

A ordem de prisão preventiva de Dzodan foi expedida por um juiz criminal, por descumprimento de ordens judiciais. Ele responderá ao processo em liberdade

Agência France-Presse
postado em 02/03/2016 13:12
São Paulo, Brasil - O vice-presidente do Facebook e Instagram para a América Latina foi solto na manhã desta quarta-feira (2/3), quase 24 horas depois de ter sido preso em São Paulo por se negar a entregar à justiça informações de usuários da rede social e do WhatsApp no âmbito de uma investigação antidrogas. Diego Dzodan, de nacionalidade argentina, "estava no centro de detenção em Pinheiros, mas já saiu", declarou à AFP uma porta-voz da Polícia Federal em São Paulo. Dzodan responderá ao processo em liberdade.

Entrada do centro de detenção para onde Dzodan foi levado

Sua libertação foi decretada pelo desembargador Ruy Pinheiro, que considerou sua prisão como uma "coação ilegal", declarou o Tribunal de Justiça do estado de Sergipe em um comunicado. Segundo Pinheiro, "me parece açodada a decretação da medida extrema de prisão na hipótese versada". "Uma medida extrema"O Facebook, proprietário do popular serviço de mensagens WhatsApp desde 2014, nega que tenha tentado obstruir a investigação policial.

"A prisão de Diego foi uma medida extrema e desproporcional e estamos felizes que o tribunal de Sergipe tenha emitido uma decisão ordenando sua libertação", declarou nesta quarta-feira um porta-voz do Facebook. "Deter uma pessoa que não tem nenhuma relação com uma investigação em andamento é uma medida arbitrária e nos preocupam os efeitos desta decisão para as pessoas e a inovação no Brasil. Continuamos a disposição para responder a qualquer pergunta que as autoridades brasileiras tiverem", acrescentou.

Desembargador afirma que a  prisão de Diego foi uma medida extrema e desproporcional

[SAIBAMAIS]A ordem de prisão preventiva de Dzodan foi expedida por um juiz criminal da localidade de Lagarto "a partir do reiterado descumprimento de ordens judiciais, de requerimento de informações contidas na página do site Facebook" e do aplicativo WhatsApp. "Estas informações foram requeridas para a produção de provas a serem utilizadas em uma investigação sobre o crime organizado e o tráfico de drogas", indicou na terça-feira a Polícia Federal.

Multas exorbitantes
A primeira ordem para que Facebook e WhatsApp entregassem as conversas foi expedida há quatro meses no âmbito de uma investigação sobre o narcotráfico em Sergipe. Depois de reiterados pedidos à empresa americana, a justiça determinou há dois meses multar o Facebook em 50 mil reais por dia até que fornecesse a informação.



Diante da falta de resposta, a sanção foi elevada há um mês para um milhão de reais por dia, informou à AFP a Polícia Federal em Sergipe. Após tomar conhecimento da detenção de Dzodan, a empresa comandada por Mark Zuckerberg criticou a decisão das autoridades brasileiras e o WhatsApp alegou que não dispõe de servidores para armazenar as conversas. "O WhatsApp não pode fornecer informação que não possui. Cooperamos até o limite de nossa capacidade neste caso, e apesar de entendermos a importância do trabalho para fazer a lei ser cumprida, estamos fortemente em desacordo com esta decisão", afirmou em um texto distribuído à imprensa no dia da prisão.

Este não é o primeiro embate entre a Justiça brasileira e o Facebook. Em dezembro do ano passado, o WhatsApp foi suspenso durante 12 horas por um juiz em todo o Brasil devido à sua negativa de fornecer informações sobre uma investigação criminal. O bloqueio, que revoltou milhões de usuários, acabou sendo derrubado por uma corte de apelações.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação