Brasil

Justiça proíbe livro de Hitler, que ainda nem foi impresso

Magistrado da 33ª Vara Criminal do estado do Rio de Janeiro ventou a venda de Minha Luta, de Adolf Hitler

Renato Alves
postado em 02/03/2016 17:17
Em atendimento à decisão do juiz Alberto Salomão Junior, da 33; Vara Criminal do estado do Rio de Janeiro, que proibiu a venda de Minha Luta, de Adolf Hitler, uma oficial de Justiça citou na tarde desta quarta-feiras (3/3) a Geração Editorial. Ela ainda tentou apreender a obra, que nem sequer foi impressa. Com sede na capital carioca, a editora é uma entre tantas no mundo que está para lançar uma polêmica edição da obra escrita pelo ditador alemão. Ela traz os ideais nazistas daquele que iniciou a Segunda Guerra Mundial.

Por meio de nota, o dono e editor da Geração, o jornalistas Luiz Fernando Emediato informou que vai recorrer da decisão. "Essa decisão judicial escapa à minha compreensão. O livro do Hitler, sem qualquer comentário crítico, qualquer um pode ler, fazendo download gratuito pela internet. A nossa edição, com 400 páginas de comentários críticos e análises históricas, está sendo proibida de circular. Na prática, essa decisão, se prevalecer, beneficia a propaganda nazista e impede a crítica desse abominável movimento", reclama ele.

Domínio público
Minha Luta entrou em domínio público em janeiro deste ano. A Geração Editorial preparou uma edição especial com 278 comentários de 10 historiadores norte-americanos dos anos 1930, atualizados e enriquecidos por 48 de um historiador brasileiro e mais 28 do tradutor William Lagos. Os comentários ocupam cerca de 400 páginas, quase metade da presente edição. Além de quatro apresentações de profissionais reconhecidos. Conhecer na fonte as ideias de Hitler pode ser útil para se combater aqueles que podem se inspirar nele para tentar destruir a democracia.

Na obra da Geração, também há um caderno de fotos. Na Alemanha, onde foi relançado, a ministra da Educação, Johana Wanka, recomendou seu estudo nas escolas: ;Trata-se de um importante instrumento de educação política;. O retorno do livro foi apoiado também pelo vice-presidente do Conselho de Representantes dos Judeus Britânicos, Richard Verber. No Brasil, não foi rejeitado pelo cônsul honorário de Israel, Osias Wurman.

O texto de Hitler foi traduzido direto do alemão e os comentários, da versão norte-americana. Como escreveu o historiador Nelson Jahar Garcia, da USP, para quem Minha luta foi ;a melhor obra já escrita contra o nazismo;. Hitler não escreveu nada de novo. Outros racistas e antissemitas haviam escrito coisas semelhantes. A tragédia foi ele ter encontrado eco na sociedade alemã, com o apoio da alta burguesia assustada com o comunismo

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação