Alice de Souza/Diário de Pernambuco
postado em 06/03/2016 08:00
Recife ; Sentado em uma cadeira de balanço na rua de casa, o ambulante José Severino Silva, 67, mal esboça reação diante das brincadeiras dos amigos com sua condição. As pernas doloridas e os pés inchados não permitem passos contínuos. Já faz um mês que ele contraiu chicungunha, mas as marcas da enfermidade se fazem presentes. ;Essa doença não respeita velho nem moço. Deixa a pessoa desmoralizada;, ressalta, enquanto enumera a lista de enfermos da comunidade.Severino mora no Pilar, periferia do Bairro do Recife, primeiro lugar nas estatísticas de dengue, zika e chicungunha na cidade. As arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti se ramificam na capital pernambucana de maneira setorizada. A distribuição intriga os especialistas. A partir de amanhã, algumas perguntas começarão a ser respondidas, com a realização do Levantamento Rápido do Índice de Infestação Predial por Aedes aegypti (Liraa). A coleta de dados segue até o dia 11 e as análises se iniciam no dia 14.
Os motivos que levam ao crescimento de determinadas arboviroses em cada bairro, explica a secretária-executiva de Vigilância à Saúde do Recife, Cristiane Penaforte, serão clarificados quando os casos forem confirmados e descartados: ;As doenças de prevenção vetorial mantêm uma relação íntima com as condições socioambientais e econômicas. Não há condições de dissociar doenças vetoriais do ambiente. É a questão do lixo, da água, mas também da ocupação desordenada;. Repleto de imóveis históricos fechados e casarões de comércio, o Bairro do Recife concentra 530 casos de arboviroses por 10 mil habitantes. O coeficiente é duas vezes maior do que o segundo colocado, Santo Antônio, com 234 casos. Se analisados os vírus isolados, o bairro é líder em dengue e zika, seguido de Santo Antônio. A chicungunha, que acometeu Severino, está mais presente na Ilha do Retiro.
Segundo informações do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz/RJ, não há característica que diferencie a circulação dos vírus em regiões específicas. Eles dependem da quantidade de criadouros e da população suscetível à infecção. Se falta água, a população é obrigada a armazenar. Se não há coleta de lixo, resíduos ocupam as ruas e transformam-se em potenciais criadouros. Os fatores de risco para o surgimento de focos do mosquito Aedes aegypti estão sendo dimensionados nas ações intensificadas desde o fim do ano passado pela Secretaria de Saúde do Recife.
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