postado em 08/03/2016 08:24
Todos os dias, às 6h, Sirley Carneiro de Oliveira dos Santos, 38 anos, começa mais uma jornada de trabalho, crucial para a rotina de outros cidadãos: ela é motorista de ônibus. Em uma profissão ainda dominada por homens, Sirley era cobradora quando começou a se interessar pela condução: ;Vendo o trânsito, o motorista, achava bonito e brincava: vou tirar minha carteira. Com o tempo, troquei a habilitação para a categoria de ônibus e conversei com o chefe da empresa onde já trabalhava;. Após alguns testes, em que dirigia o coletivo em horários de pico, ela foi contratada para o novo posto, há quatro anos.[SAIBAMAIS]De acordo com dados do Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), histórias como a de Sirley são cada vez mais comuns: nos últimos cinco anos, a demanda feminina subiu 60,4% nos cursos de transporte escolar, de passageiros e de produtos perigosos. No caso específico dos transportes coletivos, o número de alunas foi de 1.356 em 2011 para 2.509 em 2015, aumento de 85%.
Cristiene Fernandes, 31 anos, é motorista de caminhões há quatro: antes, trabalhou por cinco anos no setor administrativo da transportadora Braspress. ;Mudei porque vi uma oportunidade de aprimorar meus conhecimentos em logística. Não conseguia ficar parada, ao telefone;, relembra. No momento, ela está novamente na administração, devido à gravidez. Cristiene conta que não sofre preconceito nem da família nem dos colegas, mas às vezes ouve comentários maldosos que considera irrelevantes. Após a gestação, a motorista pretende voltar à rotina do trânsito. ;Sinto muita falta da sensação de liberdade e do contato com os clientes;, diz.
Para Nicole Goulart, diretora executiva nacional do Sest/Senat, três atrativos estão retirando o rótulo de profissão exclusivamente masculina e aumentando o interesse das mulheres pelo transporte: transformações econômicas; demográficas, como o crescimento do número de domicílios chefiados por elas; e também uma mudança cultural e educacional. ;Hoje, a mulher define onde ela quer estar, e não o mercado;, aponta a diretora executiva, que afirma que ainda há terreno para avançar. As empresas, segundo Nicole, já começaram a mudar de postura diante das trabalhadoras. ;Os empregadores veem as mulheres como mais cuidadosas, prestam mais atenção na hora de dirigir e também são mais econômicas;, explica.
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