Brasil

Cidades mais populosas têm dificuldade de se adaptar a mudanças climáticas

Estudo britânico aponta que cidades com mais de 10 milhões de habitantes não investem o suficiente para se adaptar às mudanças climáticas. Nos países em desenvolvimento, foco está mais na proteção da economia do que nas pessoas

Isabela de Oliveira
postado em 12/03/2016 07:00
O mundo é cada vez mais urbano. Hoje, cerca de metade da população global está longe do campo, e há uma preferência crescente por grandes centros. Ao longo do século passado, o total de megacidades ; aquelas que reúnem mais de 10 milhões de pessoas ; passou de duas para 20. Hoje, essas supermetrópoles reúnem 9% da humanidade. Atraentes pela circulação de capital e oferta de serviços, o porte das fortalezas econômicas é franzino diante do que pode acontecer caso as previsões de mudanças climáticas se concretizem: inundações, surtos de doenças e inconteste colapso financeiro entram na lista.

[SAIBAMAIS]Proteger os habitantes das megacidades é, portanto, uma grande preocupação para os líderes mundiais. No entanto, uma pesquisa publicada recentemente na revista Nature Climate Change sugere que a comunidade global precisa aumentar seus esforços para proteger as populações desses lugares, especialmente as mais vulneráveis.

Os autores, da University College London, no Reino Unido, verificaram que as verbas destinadas para adaptação ao clima em 10 das maiores cidades do mundo ; Adis Abeba, Cidade do México, Jacarta, Lagos, Londres, Mumbai, Nova York, Paris, Pequim e São Paulo ; aumentaram 27% nos últimos sete anos. Em um cenário de recessão global, a notícia é aparentemente boa. No entanto, o gasto representa, no melhor dos casos, 0,33% da riqueza dos centros urbanos, o que mostra que o tema ainda não é uma prioridade.

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A pesquisa coordenada por Lucien Georgeson também destaca a diferença entre as cifras que países desenvolvidos e em desenvolvimento gastam para a adaptação. Enquanto, entre 2014 e 2015, Nova York investiu 193,38 libras (cerca de R$ 986) por habitante, a nigeriana Lagos destinou 35 vezes menos, ou 5,52 libras (R$ 28), indicando que as cidades com populações mais vulneráveis são as que menos investem (veja quadro). ;As diferenças nos gastos com a adaptação entre as cidades mostram algumas razões para preocupação. Cidade do México, São Paulo, Mumbai, Jacarta, Lagos e Adis Abeba gastam menos da metade do que é investido por Pequim, em termos de produto interno bruto (PIB) per capita;, pontua Georgeson.

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Para Lincoln Alves, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esse é um ponto relevante do estudo. ;Na minha opinião, o mais importante são as diferenças de gasto, principalmente devido às características regionais. Cada cidade tem sua prioridade e estratégia de adaptação;, avalia o especialista, que não participou do estudo.

A equipe de cientistas também construiu um banco de dados para investigar como o dinheiro é aplicado em atividades relacionadas à adaptação climática, como a construção de defesas costeiras de drenagem. Assim, outra diferença foi observada: nas cidades de nações em desenvolvimento, os gastos maiores são destinados a setores importantes da economia, sugerindo que o dinheiro está sendo usado para proteger o capital físico e não as pessoas.

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