Brasil

Jogador de rúgbi da Argentina relata 'desespero' com prisão de colegas

Ele acusa haver "muitas irregularidades" na condução do caso pela Justiça brasileira

Agência Estado
postado em 23/03/2016 12:39

Matías Tapia Gómez, um dos sete jogadores de rúgbi argentinos acusados de espancar o delegado de Polícia Civil Gustavo Rodrigues em um bar na zona sul do Rio na madrugada do último dia 11, enviou uma carta à imprensa de seu país em que se diz "desesperado" com a detenção do grupo no Brasil.

[SAIBAMAIS]Ele acusa haver "muitas irregularidades" na condução do caso pela Justiça brasileira. Gómez está entre os quatro jogadores que respondem em liberdade por lesão corporal grave e resistência à prisão. Outros três estão presos no complexo de presídios de Bangu, na zona oeste.

Publicada pelos jornais Clárin e La Nación, a carta traz um apelo de Gómez para que os jogadores sejam soltos e possam voltar à Argentina. Do time de rúgbi Club Los Cedros, da Grande Buenos Aires, eles vieram para uma partida no município de Volta Redonda, no centro-sul fluminense. Patricio Velazquez, Tomás Fernández, Herman Gabriel Gonzales e Adrian Gustavo de Donato foram presos em flagrante pela agressão ao delegado, que teve a mandíbula fraturada e um dente quebrado por socos e pontapés. A prisão dos quatro foi convertida em preventiva pela Justiça.

Rodrigues é delegado assistente da 20; Delegacia (Vila Isabel, zona norte). Estava a lazer no bar Palaphita Kitch, na Gávea (zona sul), quando começou a briga. Os atletas alegam que foram provocados por um grupo de brasileiros pelo fato de serem argentinos e que apenas se defenderam da hostilidade. Sustentam que não sabiam que Rodrigues era policial.

Gómez, Ignacio Iturraspe e Fermin Francisco Ibarra são acusados de envolvimento nas agressões e estão em liberdade, mas sem poder deixar o País - todos os jogadores tiveram o passaporte retido. Eles têm entre 27 e 35 anos. O caso será analisado pelo Ministério Público (MP), para depois ser encaminhado a julgamento. O MP informou que a promotoria junto à 38; Vara Criminal ainda não recebeu o inquérito policial Além do delegado, um amigo dele, Rodrigo Henrique Araújo Rosa, saiu ferido - teve um corte na cabeça.

Na carta, Gómez não dá detalhes sobre como se deu a briga no bar: "Não é minha intenção falar da causa, porque teríamos que estar todos livres e alguns possivelmente já de volta a Buenos Aires. Nós sabemos (a causa), as pessoas que gostam da gente e os advogados sabem. Segundo os advogados, se isso tivesse acontecido com pessoas daqui, elas teriam ficado apenas um pouco na delegacia", afirma o atleta.

Em reportagens publicadas na Argentina, parentes reclamam de os presos terem ficado incomunicáveis. Procurado pela reportagem, o Consulado da Argentina no Rio informou que está acompanhando o caso, mas que não tem novas informações a dar.

"Nós nos sentimos indefesos, acreditamos que nossa segurança esteja comprometida. Os dias são eternos (...) Somos três em liberdade e que fomos presos ;por estarmos com um grupo de argentinos;, segundo informou um policial. Estávamos em outro lugar quando aconteceu a briga, mas somos acusados de ter praticado a mesma lesão, o que é um erro inadmissível"

"Queremos que esse pesadelo termine e que possamos voltar para casa com nossos amigos. Estamos desesperados. Necessitamos que a Justiça decida com velocidade para tirar os meninos da cadeia. É uma loucura o que aconteceu e como foi montado todo o processo", diz a carta de Gómez.

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