A banda britânica Coldplay, que fez show recentemente no Rio de Janeiro para encerrar a turnê no Brasil, emocionou milhares de fãs que estiveram presentes. No entanto, também no Maracanã, momentos antes de começar o espetáculo, foi uma vendedora de batatas que cativou a plateia. Bianca Letícia Vale deixou cair no chão a bandeja com os batatas fritas que vendia e a reação das pessoas, imediatamente, foi fazer uma ;vaquinha; para dimunuir o prejuízo. Em poucos minutos, ela recebeu toda a quantia que gastou para comprar as batatas e um pouco mais.
A publicação sobre a história da carioca foi divulgada no Facebook por Luiz Fernando Eiras, 22, e já acumulou mais de 126 mil curtidas e 10.500 compartilhamentos. No post, o jovem pediu que ;atitudes como essa, que impressionam, se tornem rotineiras; e disse ainda que ;quem foi para assistir a um espetáculo musical, acabou vendo um show de solidariedade e humanidade;.
;Quando Bianca chegou no local já começou a descontrair com o pessoal que estava lá, dizendo que foi a única a conseguir chegar tão perto do palco com as batatas. Mas, de repente, o suporte da bandeja arrebentou. Tomamos um susto com as batatas caindo. Quando percebemos o que havia acontecido, Bianca já estava desesperada, sem saber como ia pagar por tudo aquilo. A solidariedade de todos em volta foi mais rápida que a tristeza dela. Todos começaram a ajudá-la como podiam, moedas e até notas de R$20 surgiam de todos os lados", lembra.
Com a repercussão, Bianca agradeceu o gesto solidário. Cursando produção e gestão de eventos, curso técnico em iluminação, ela não pode se dedicar apenas aos estudos e precisa trabalhar. De acordo com o relato da estudante, ela havia comprado 20 batatas, cada uma a R$ 12,75, para revender por R$ 15, tirando o lucro de R$ 2,25 por unidade, e precisava vendê-las rapidamente antes que esfriassem. ;É difícil sorrir para o desconhecido quando somos invisíveis e exercermos trabalhos informais que não reconhecem nossa força de trabalho e nos paga por batatas e não por quem devidamente somos e poderíamos ser;, escreveu, no post.
Ao fim do post, ela chamou atenção para os trabalhadores informais, que fazem grandes doações e não são reconhecidos. "E aqui estou, Bianca Letícia Vale tendo a oportunidade, por mais que sejam por dois dias, tendo lugar para falar e sair do invisível. Da mulher invisível que constantemente é assediada, da trabalhadora invisível que é explorada, da mulher negra que perde a voz e da pessoa que só existe servindo para que grandes espetáculos aconteçam."