postado em 07/05/2016 13:17
Em 2005, a mãe da empresária Paula Menezes, 31 anos, foi diagnosticada com hipertensão pulmonar. A doença começou a apresentar sintomas bem antes disso ; Maria Cristina Ribeiro, então com 54 anos, já vinha sofrendo de falta de ar, cansaço e fadiga há algum tempo. Os médicos chegaram a cogitar asma, enfisema e até algum tipo de transtorno psicológico. Dois anos após o diagnóstico, ela faleceu em decorrência do agravamento do quadro, aos 56 anos.;A gente não conhecia nada sobre a doença. Tínhamos dificuldade em encontrar outros pacientes, receber tratamento e mesmo para dialogar com o governo e pedir ajuda. Naquela época, era mais difícil ter esse tipo de informação;, lembrou. Hoje, Paula preside a Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar. A instituição oferece, entre outras coisas, assistência jurídica e grupos de apoio para quem tem que lidar com a doença.
A empresária também integra o Team Phenomenal Hope Brasil, formado por atletas voluntários que participam de diversas corridas em todo o país com o objetivo de promover informações sobre a hipertensão pulmonar. Na agenda, o próximo desafio é o Night Run 2016, que acontece hoje (7/5) no centro de Brasília. A ideia é arrecadar fundos e também assinaturas para uma petição que possibilite a ampliação do protocolo clínico para a doença no país.
;O protocolo clínico, por si só, foi um avanço. Mas ele não contempla, por exemplo, todas as terapias disponíveis. Atualmente, o protocolo contempla apenas três das 14 terapias disponíveis e só permite o uso de um tipo de medicamento. Não permite a terapia combinada, que é uma linha científica adotada no mundo todo;, contou Paula. ;Até outubro, a gente vai percorrer outras provas, pequenas em quilometragem, mas com grande público, para divulgar o projeto;.
Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora do ambulatório de Hipertensão Pulmonar do Hospital Universitário de Brasília, Veronica Amado, explicou que a hipertensão pulmonar é uma doença rara, mas que pode se manifestar em qualquer pessoa. Nesses pacientes, os vasos começam a se modificar, as paredes se tornam mais grossas e, consequentemente, o interior das artérias vai se estreitando.
;Pense numa pessoa tomando um milk shake com um canudo grosso e, depois, com um canudo bem fino. Ela terá que fazer muito mais força no segundo caso porque a resistência aumenta bastante;.
O principal sintoma da doença é a falta de ar ; primeiramente, em meio a esforços mais intensos e, em seguida, em atividades mais rotineiras. O quadro, segundo Veronica, evolui de tal forma que o paciente começa a perceber falta de ar mesmo em momentos de repouso. Tontura e desmaios também são comuns nesses casos. ;Até chegar ao diagnóstico e saber tratar, o processo não é fácil. Não é uma doença amplamente conhecida, mesmo no meio médico;.
A orientação é procurar um profissional de saúde a partir do momento em que se percebe uma falta de ar atípica e iniciar a investigação. ;Pode ser um clínico geral mesmo. Se for necessário, ele vai encaminhar para um especialista;. A estimativa é que, atualmente, 15 pessoas em cada grupo de um milhão de habitantes sofram de hipertensão pulmonar em todo o mundo.