Agência Estado
postado em 01/06/2016 14:05
O ex-cinegrafista Raphael Duarte Belo, de 41 anos, acusado de ter participado do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio, entregou-se na manhã desta quarta-feira (1;/6) à polícia. Em carta encaminhada ao perfil Jacarepaguá Notícias RJ, no Facebook, ele nega participação no estupro e pede desculpas por ter feito a foto ao lado da jovem nua.
Na carta, ele disse que foi à boca de fumo no domingo (22/5) pedir autorização para realizar uma matinê na Quadra do Francão, local onde ocorrem bailes funks. Estava acompanhado por Raí de Souza, de 22 anos, outro acusado do crime e já preso.
"Ao chegar a um beco, à direita, estava a casa abandonada, aberta, toda suja, fedendo a fezes e com uma mulher nua", escreveu Belo, que trabalhou na Rede Globo, de onde foi demitido em 2015. Ele hoje é dono de um lava jato.
De acordo com Belo, havia um rapaz no local, conhecido como Jefinho (identificado por Raí de Souza como traficante). Ele teria dito: "Tem uma mulher aí que não quer ir embora, está desde o dia do baile". "Entramos os três. Ela estava deitada, nua, dormindo, muito suja, e com os cabelos embolados. Parecia uma ;cracuda; ou mendiga. O Raí puxou o celular e começou a gravar, ela começou a se mexer e acordar. Aí paramos e fomos embora." O ex-cinegrafista escreveu que "foi mais uma zoação, brincadeira" e que eles não a machucaram.
Raí deu outra versão à polícia. Contou que manteve relações sexuais com a adolescente e teria voltado à favela por estar preocupado com ela. Segundo a sua versão, Jefinho teria feito as imagens e não ele.
Na carta encaminhada ao Jacarepaguá Notícias RJ, Belo relata ainda que, na quarta-feira, 25, ele almoçava na porta de um serralheiro, quando um carro HB20 deixou uma mulher desacordada na calçada. Ele teria comprado garrafa de água e tentado fazer com que a ela despertasse. Moradores teriam dito que a jovem já havia desmaiado outras duas vezes e que seria a mesma pessoa que estava na casa conhecida como "abatedouro".
Belo contou, então, que a deixou descansando em seu carro. Depois, levou-a para seu apartamento onde a deixou dormindo, com a recomendação de que não deixasse a porta aberta para que seus gatos não fugissem.
"Quando voltei da rua um tempo depois, estava tudo vomitado", declarou. "Botei ela para tomar banho. Espremi xampu na cabeça dela, fechei a porta do box e a do banheiro também". Belo disse, no texto, que a jovem tomou banho sozinha.
O acusado voltou a sair do apartamento. E na rua soube que as imagens e o vídeo sobre o estupro tinham sido compartilhados. "Um amigo falou que eu estava em vários sites como bandido e estuprador", disse. "Me deu uma tremedeira. Total desespero."
Ele, então, levou a jovem até a casa da família. Teria conversado com os pais e a avó da menina e pedido desculpas pelas imagens. Ele deixou seu endereço e telefone e contou ter fugido para uma cidade a "2.600 quilômetros do Rio". "Me tornei um monstro", escreveu.
Belo encerrou a carta dizendo que vai se entregar. "Não ia conseguir viver fugindo, ainda mais por algo que não fiz, não transei com ela, não fiz sexo oral com ela", afirmou. A veracidade da carta não foi confirmada pela polícia. O texto foi encaminhado ao portal pela ex-cunhada de Belo, que fotografou a tela do computador e enviou as imagens por WhatsApp.