postado em 17/06/2016 20:59
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta sexta-feira (17/6) 12 pessoas por envolvimento em crimes contra os grupos indígenas Guarani-Kaiowá e Ñandeva em Mato Grosso do Sul. As acusações são de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo. A denúncia do MPF ocorre dias após a morte do Guarani Kaiowá Cloudione Rodrigues Souza, 26 anos, em um ataque a tiros na última terça-feira (14).[SAIBAMAIS]As investigações do MPF, no entanto, ocorrem há oito meses, conduzidas pela força-tarefa Avá Guarani. ;O ajuizamento das denúncias é a primeira de uma série de medidas para combater o conflito armado na região;, segundo o órgão. De acordo com a denúncia, jagunços teriam sido contratados por fazendeiros para ameaçar e violentar as comunidades indígenas.
;Só nos últimos dez anos, pelo menos um índio foi morto por ano em decorrência do conflito fundiário em Mato Grosso do Sul;, afirma o MPF. O assassinato de Cloudione foi incluído na investigação. No dia da morte do indígena, a entidade deslocou representantes para a área do conflito, no município de Caarapó. Além do MPF, a Polícia Federal e a Força Nacional atuam na região.
Demarcação
Os Guarani-Kaiowá ocupavam desde o último domingo (12) o território chamado de Toropaso, dentro da Fazenda Yvu. Esse território, reivindicado pelos indígenas, foi identificado pela Funai em maio como terra indígena, mas ainda não teve sua demarcação confirmada. Após a divulgação do ataque, a Funai criticou o ocorrido e disse que atuará para o esclarecimento do caso.
Já o Sindicato Rural de Caarapó afirmou ;desconhecer; o assassinato. O sindicato, representante dos fazendeiros da região, afirma que não foi comunicado sobre disparos de arma de fogo e que tomou conhecimento apenas do uso de fogos e bombas para dispersar os indígenas ;com medo de retaliação ou reação; por parte destes.
Os indígenas, no entanto, confirmam o atentado. ;Esse ataque é fruto da leniência e da lentidão do Estado Nacional em resolver a demarcação das terras indígenas. Outras áreas de retomada como Te;yjusu e Pindo Roky também foram vítimas de violências;, disse o antropólogo Diógenes Cariaga, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em declaração divulgada pelo Instituto Socioambiental (ISA).