Brasil

Tropas enviadas chegam em momento de crise de segurança no Rio de Janeiro

Situação é agravada por greve de policiais. Ministro garante que situação está sob controle

postado em 06/07/2016 06:44
A Força Nacional assumiu ontem, no Rio de Janeiro, a segurança de 50 instalações olímpicas e também dos seus arredores, sob o comando do tenente-coronel Carlos Alberto Andrade, da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. A chegada ao Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, foi monitorada por agentes, que revistaram bolsas e mochilas e pararam veículos. Cães farejadores participaram das ações. Do efetivo previsto para atuar na Olimpíada, 1,5 mil estão na cidade.

Soldados da Força Nacional em frente à Vila Olímpica, no Rio. Primeiro efetivo, de 1,5 mil homens, chegou ontem

;Não há necessidade de chegar todo efetivo hoje, porque não há competição;, afirmou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. A previsão é de que até 22 ou 23 de julho todos os policiais da Força Nacional, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal que vão trabalhar nos Jogos já estejam no Rio.

A Força Nacional é formada por policiais militares, bombeiros, policiais civis e peritos de diversos estados da federação. De acordo com o Ministério da Justiça, a entidade é composta ;pelos melhores policiais e bombeiros dos grupos de elite dos estados, que passam por um rigoroso treinamento no Batalhão de Pronta Resposta;.

[SAIBAMAIS]Alexandre de Moraes informou que o estado de São Paulo cedeu mais mil homens da Polícia Militar para reforçar a segurança da Olimpíada. Mais cedo, a Secretaria Nacional de Segurança Pública havia divulgado que o número de agentes da Força Nacional que atuarão no Rio caiu dos 9,6 mil previstos para 5 mil. Moraes não explicou se esses mil agentes de São Paulo já haviam sido contabilizados ou se a Força Nacional terá, no total, 6 mil policiais durante os jogos. ;Não comento efetivo de operações. Garanto que temos efetivo suficiente para a realização das funções que nos foram atribuídas: segurança interna, segurança patrimonial e segurança perimetral;, disse Moraes.

O presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, disse que a mudança no efetivo previsto para a segurança dos Jogos Olímpicos não provocou reação de outros países ou do Comitê Olímpico Internacional. ;O esquema de segurança montado para os Jogos pelo governo brasileiro foi aprovado pelos experts do COI. Não existe no mundo ninguém que tenha trazido qualquer questão, já que essas informações foram passadas ao mundo inteiro;, afirmou. ;O público pode ter absoluta tranquilidade, porque dentro das instalações, dentro da Vila Olímpica e dentro dos locais onde a Força Nacional atuará haverá absoluta segurança;, afirmou o ministro.

Alexandre de Morais rechaçou as chances de ataques terroristas durante a realização dos jogos ;Até o presente momento, não é provável que haja nenhum ato terrorista nas Olimpíadas, seja no Rio de Janeiro, seja no restante do Brasil. Agora, assim como em todo local do mundo, é possível;, completou.



O governo anunciou também que 21 mil soldados das Forças Armadas farão a segurança durante o evento esportivo, segundo o almirante Ademir Sobrinho, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. ;Nós atuaremos além daquilo que estava previsto, no policiamento ostensivo das vilas olímpicas, linha amarela e vias da zona sul e zona oeste;, disse. Embora conte com um grande planejamento logístico, a segurança no estado continua em crise. Na última segunda-feira, uma viatura da Força Nacional designada para a operação foi atingida por um disparo no retrovisor enquanto realizava uma atividade de reconhecimento. A assessoria do Ministério da Justiça e Cidadania negou que a corporação tenha trocado tiros ou se envolvido em fogo cruzado. Nenhum agente foi ferido.

Civis em greve
Na última semana, a Polícia Civil do estado entrou em greve reivindicando um reajuste na parcela a ser recebida pela corporação do recurso que foi disponibilizado pelo Governo Federal após o decreto de calamidade pública financeira, além de pendências nos salários e direitos trabalhistas. Em nota oficial, o Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro (Sinpol-RJ) afirma que a parcela prometida será insuficiente para o pagamento das horas extras dos agentes que trabalharão no evento. De acordo com a nota, falta água, papel higiênico, resmas para o registro de ocorrências e combustível, que está limitado a 30 litros diários por veículo.

A doméstica Martha Marques, 41 anos, moradora da Lapa, na Zona Central do Rio de Janeiro, relata que já faz parte de sua rotina presenciar atos de violência. ;Assaltos, arrastões na praia de Ipanema, roubos na Central do Brasil, fechamento de túneis e do trânsito, tudo isso têm acontecido com frequência por aqui e acabam fazendo com que a gente mude alguns hábitos. Geralmente, eu saia para trabalhar às 4h30 da manhã, mas, em função da violência, tenho que esperar clarear um pouco mais;, disse.

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