Brasil

Brasil, o país do alimento sustentável

postado em 09/08/2016 20:44
Alysson Paolinelli, Presidente do Fórum do Futuro
Evaldo Vilela, Coordenador e consultor técnico-científico

O futuro continua sendo um resiliente patrimônio dos brasileiros. A agenda de trabalho 2016/2017 do Instituto Fórum do Futuro, aprovada na última reunião do conselho da entidade, demonstra que estamos diante de poderosas e auspiciosas alternativas de desenvolvimento sustentável, que alinham o nosso país na fronteira da tecnologia e com as mais exuberantes expectativas de um novo processo civilizatório. Trata-se da agenda de um Brasil que hoje não se vê no espelho, debatida em ambientes iniciados, numa linguagem científica por vezes inacessível. Mas a pauta diz respeito ao futuro de todos os brasileiros e de um país estratégico, convocado pela ONU para, a um só tempo, incrementar a oferta de alimentos e ampliar a sustentabilidade do processo produtivo.

Para entender esse novo ;país do futuro; é preciso voltar ao passado, mais precisamente há um pouco mais de 40 anos. Parece impensável, mas importávamos 30% dos alimentos de que necessitávamos. A família do trabalhador usava 48% da renda para comprar a cesta básica. Incrível? ;Cerrado, só dado ou herdado; ; dizia-se. Aqui, praticamente não havia atividade econômica. Frango? Proteína rara: ;pobre só come quando um dos dois está doente;.

Naquela época começava a amadurecer a plataforma de ciência, tecnologia e inovação gestada inicialmente nas universidades, na década de 50, e impulsionada com a implantação da Embrapa, em 1974. Nascia a segunda revolução da história da alimentação ; a Agricultura Tropical Sustentável (ATS), que segundo a FAO será responsável por 40% da demanda suplementar de alimentos nas próximas décadas. Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai já entregam 33% de todos os alimentos produzidos.

A integração ciência, natureza e desenvolvimento é o caminho que nos levará à 3; Revolução do Alimento. E esta não esperou o futuro chegar. Já alcançamos a terceira safra por ano, e vai ser possível dobrar a produção sem incorporar necessariamente novas áreas. A biotecnologia traz as plantas resistentes à seca. A ;smart-agricultura;, os ;nutracêuticos; ao mesmo tempo alimentam e previnem a saúde. A ;pecuária carbono-neutro; reage ao aquecimento global.

Os EUA e a Europa reduziram a perto de zero a cobertura vegetal nativa de seus territórios. A ATS tornou o Brasil player central na produção de alimentos mantendo mais de 50% da cobertura vegetal nativa dos Cerrados. Estudos do Fórum do Futuro quantificam os transbordamentos econômicos, do campo para as cidades, que revolucionaram os sertões brasileiros, transformando o Brasil numa das economias mais pujantes do Planeta.

Tudo resolvido? Longe disso... É preciso preparar os profissionais, convocar jovens universitários de todas as áreas do conhecimento (mecâtrônica, robótica, TI, gestão, planejamento...) e somar forças no desafio da sustentabilidade. Por isso o Fórum do Futuro, com apoio do Banco Mundial e da FAPEG, lançou o Prêmio Novos Talentos do Alimento Sustentável (www.premionovostalentos.com).

Outro projeto, a ;Plataforma do Conhecimento: Agricultura e Alimento; será um espaço de referência para a informação do setor, traduzida de forma a assegurar às mídias e à opinião pública uma base de dados chancelada pela metodologia científica.

Outra ponte, o ;Conexão Futuro, o Hub da Inovação;. Esse visa articular atores sociais, econômicos, jovens, instituições da academia e do governo com a visão estratégica do país. Se a ciência agrária avançou muito, ainda temos longo caminho nas outras etapas das cadeias da agricultura ; indústria, comércio e serviços. Somente nos EUA existem 400 start ups na área de ;digital cooking;, que se propõem entregar alimentos via impressoras 3D, customizados do ponto de vista nutricional.

Na histórica reunião da sexta-feira 22 de julho, em Brasília, o Fórum do Futuro contou com o apoio dos seus mais valiosos parceiros: Banco Mundial, Embrapa, FAO, IICA, agências de fomento à pesquisa (FAPEMIG e FAPEG), e as universidades federais (Lavras, Viçosa e ESALQ -USP). Eles acolheram com ênfase a necessidade de intensificarmos o diálogo entre ciência e sociedade, como fonte de irrigação do debate nacional e internacional. Foi aprovada a proposta de realização de ;road shows da ciência;, onde nossos pesquisadores vão debater os desafios da segurança alimentar sustentável com seus pares em algumas das mais importantes Universidades dos EUA, da Europa e da Ásia.

Missão: levar a melhor notícia que o Brasil pode oferecer aos brasileiros e ao planeta: os avanços da agricultura tropical sustentável.

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