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Nadadores dos Estados Unidos são retirados de avião pela PF

Atletas citados como testemunhas em investigação de possível notificação de roubo falso iriam deixar o Brasil e foram levados pela polícia para depoimento, no aeroporto do Galeão. Justiça tinha determinado a apreensão de passaportes

postado em 18/08/2016 06:00
Os nadadores da delegação norte-americana Gunnar Bentz e Jack Conger tentaram deixar o Brasil e acabaram passando por um constrangimento, na noite de ontem, ao serem retirados de um avião por agentes da Polícia Federal. A dupla, envolvida na investigação de possível notificação de roubo falso, foi abordada no aeroporto do Galeão, na Zona Norte do Rio. Eles tinham sido chamados para depor pela Polícia Civil, na condição de testemunhas, mas se ausentaram e chegaram a ser procurados pelos investigadores. Horas antes, a magistrada Keyla Blanc, do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, expediu mandado de busca e apreensão dos passaportes de outros dois nadadores, Ryan Lochte e James Feigen, o que os proibiria de deixarem o Brasil. Apesar da determinação, Lochte já está nos Estados Unidos. O paradeiro de Feigen não foi informado.

Os quatro atletas alegaram que foram assaltados na Zona Sul, mas a polícia desconfia de que eles tenham prestado falsa comunicação de crime. ;Percebe-se que as supostas vítimas chegaram com suas integridades físicas e psicológicas inabaladas, fazendo brincadeiras uns com os outros;, alegou Blanc, em alusão a imagens das câmeras de segurança da Vila Oiímpica. Duas representantes do Consulado-Geral dos Estados Unidos e um da delegação americana estiveram no aeroporto, ontem à noite, e acompanharam os depoimentos de Bentz e Conger. Patrick Sandusky, porta-voz do Comitê Olímpico dos EUA, confirmou a abordagem à TV CNN.

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Em depoimento à Polícia Civil, Lochte afirmou que os esportistas foram abordados por um assaltante, que exigiu a entrega do dinheiro. Ele admitiu portar US$ 400 na ocasião. Em outro depoimento, Feigen contou que os atletas foram surpreendidos por criminosos, mas que apenas um estava armado. Outra contradição diz respeito ao comportamento dos nadadores na chegada à Vila Olímpica após deixarem uma festa.

No fim da noite de ontem, Lochte mudou a versão e contou a um repórter da emissora NBC que o grupo foi ;emboscado após usar o banheiro de um posto de combustível;. Segundo ele, o taxista com quem estavam teria se recusado a dirigir e teve uma ;arma apontada; em sua direção. Lochte não repetiu a história de que ele próprio teve a arma engatilhada contra a cabeça. A Polícia Federal enviará ao FBI uma relação de perguntas para que o nadador responda, por carta precatória.

Horas antes, surpreso com a decisão da Justiça brasileira, o advogado de Lochte, Jeff Ostorw, havia declarado ao portal de notícias TMZ que não recebeu nenhuma informação das autoridades brasileiras. ;Fiquei chocado ao saber que eles iriam tomar tais medidas (recolhimento de passaportes) em um esforço para continuar a investigar o incidente;, disse.

Após a determinação judicial, a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) pediu ao juizado o cumprimento do mandado no apartamento dos nadadores, na Barra da Tijuca, antes que alguma prova sumisse. O objetivo era recolher o celular de Feiger para rastrear os locais onde o grupo esteve na madrugada em que os nadadores disseram ter sofrido o assalto. Agentes da Polícia Civil chegaram a ir ao prédio da delegação norte-americana. Os policiais falaram com o chefe de segurança do United States Olympic Committee, o Comitê Olímpico norte-americano. No entanto, nenhum dos quatro atletas envolvidos no suposto assalto estava no local. A polícia também não encontrou nenhum dos pertences. O chefe de segurança informou que um dos nadadores estava hospedado em um hotel, mas que ele não sabia informar o endereço.

O suposto crime

Já era madrugada de domingo quando os quatro nadadores voltavam de uma festa na casa da delegação francesa. O convite teria partido do nadador brasileiro Thiago Pereira. Ao traçarem o caminho de volta para a Vila Olímpica, foram abordados por homens que, segundo Lochte, identificaram-se como policias. À imprensa americana, o nadador afirmou que, após descerem do táxi, os homens exigiram que os atletas se deitassem no chão. Após se recusarem a obedecer à ordem, o ;policial; teria sacado a arma, engatilhado e apontado para o rosto do atleta. A versão dos acontecimentos foi confirmada na conta oficial do Twitter de Ryan Lochte.

Um vídeo divulgado na noite de ontem mostra, a partir de imagens das câmeras da Vila Olímpica, Lochte e os três nadadores chegando à casa da delegação sem esboçar muita preocupação e até com certo ar de descontração. Em nota, a Polícia Federal afirmou que Lochte deixou o Brasil na segunda-feira em voo comercial, antes da emissão dos mandados de busca e apreensão dos documentos.

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