Agência Estado
postado em 19/08/2016 09:02
Em depoimento à Polícia Civil do Rio, os nadadores norte-americanos Gunnar Bentz e Jack Conger reconheceram ontem ser mentirosa a história de um suposto assalto que teriam sofrido com os colegas Ryan Lochte e James Feigen na madrugada do último domingo. A policiais da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), os dois atletas afirmaram que a mentira foi articulada por Ryan Lochte para preservar o relacionamento ;oficial; de um deles. Um dos quatro teria saído com uma jovem em uma festa na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul da cidade.Segundo Fernando Veloso, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o taxista que levou para casa duas jovens que estiveram com os nadadores naquela madrugada depôs e confirmou a versão, que havia escutado dentro de seu carro, quando as mulheres conversavam. ;Não houve roubo, eles não foram vítimas, como relataram;, disse Veloso.
[SAIBAMAIS]Lochte também foi apontado como o ;mais exaltado; dos quatro quando promoveram a depredação do banheiro de um posto de gasolina na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Veloso disse que os nadadores estavam alcoolizados e quebraram espelhos e saboneteiras do local. Quando foram abordados pelos seguranças, que constataram o dano, eles teriam ficado nervosos e tentado ir embora. Foram, então, impedidos pelos agentes, que apontaram uma arma na direção dos atletas, mas sem uso de violência física, segundo o delegado. Os seguranças são policiais que faziam um trabalho extra no local ; em conformidade com a legislação, afirmaram, e ligaram para a Polícia Militar.
Uma testemunha que passava pelo posto no momento da ;confusão; também foi ouvida pela polícia. Ela contou que se ofereceu para traduzir o diálogo e explicou aos nadadores que eles teriam que pagar pelo prejuízo. Os atletas, então, deixaram R$ 100 e US$ 20 para pagar pelos danos que tinham provocado. Os atletas insistiram para que o taxista, que os esperava, seguisse viagem. O motorista queria esperar a chegada da Polícia Militar, mas acabou sendo convencido a deixar o local.
Agora a polícia precisa concluir a investigação para responder se os quatro nadadores serão indiciados por dano ao patrimônio e/ou falsa comunicação de crime. As penas, respectivamente, são de um a seis meses de detenção ou multa (duas vezes, uma para cada uma dessas infrações).
O terceiro nadador que ainda estaria no Brasil é James Feigen. Segundo a Polícia Civil do Rio, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) procurou a polícia e disse que Feigen está disponível para prestar depoimento, ainda a ser marcado. Como ele demonstrou disposição para colaborar, por enquanto não é necessário pedir a condução coercitiva do atleta norte-americano.
Para que Ryan Lochte possa depor, nos Estados Unidos, será pedida uma carta rogatória à Justiça, que, se aprovada, será enviada ao FBI, que tem colaborado na condução do caso. A perícia deve analisar as imagens de câmeras de segurança do posto de gasolina para usá-las na investigação e para saber se elas foram editadas.
O chefe de polícia, Fernando Veloso, criticou a postura dos nadadores. Disse que, por se tratar de figuras públicas, deveriam se comportar de maneira a dar exemplo a seus seguidores. E que devem desculpas à cidade. ;Devem desculpas ao (povo) carioca que viu o nome da sua cidade manchado por uma situação falsa;, disse Veloso.
Depredação
No depoimento que prestou à Polícia Civil, o dono do posto de combustível onde aconteceu o incidente acusou os nadadores de vandalismo. Segundo ele, os atletas urinaram em paredes, destruíram uma placa de propaganda e itens do banheiro, como uma papeleira e uma saboneteira.
Outros funcionários contaram à polícia que os atletas chegaram por volta das 6h, de táxi, pedindo para usar o banheiro. Pouco depois disso, o gerente foi chamado porque os norte-americanos faziam ;algazarra; no local.
Caso pode ter reflexo nas relações
O norte-americano The New York Times deu, em seu portal na internet, uma extensa reportagem sobre o caso dos nadadores, afirmando que o caso pode ter reflexo nas relações entre os dois países. Publicou que o ;incidente entou em uma espiral em um caso que testa as relações entre o Brasil e os Estados Unidos. O jornal registra, também, em sua versão eletrônica, que a polícia brasileira diz acreditar que Ryan Locht tinha ;manchado; a imagem do Rio, embora tenha ;reconhecido que um segurança tenha mostrado uma arma; para o grupo.