postado em 30/08/2016 06:00
Enquanto a presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), fazia a defesa de seu mandato, do lado de fora do Congresso Nacional a movimentação não foi intensa. Diferentemente do que aconteceu em etapas anteriores do processo, as manifestações que estavam programadas ganharam pouca força e se tornaram mais acanhadas. Na parte da tarde, vieram mais pessoas. A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal (SSP-DF) estima que 60 mil pessoas irão à Esplanada dos Ministérios até o término do julgamento. Número menor que aquele registrado em 17 de abril, quando a Câmara autorizou a abertura do processo de impeachment. Na ocasião, cerca de 90 mil pessoas passaram pelo local. Na maior concentração de manifestantes, à tarde, a PM estimou 1.500 pessoas.Cerca de 350 integrantes de grupos que apoiam a petista se concentraram em frente ao Palácio da Justiça, por volta das 9h, para prestar solidariedade e acompanhar o discurso de Dilma. Com flores nas mãos, os manifestantes entoaram palavras de ordem contra o presidente interino, Michel Temer.
A ausência de Dilma não desanimou os manifestantes. A aposentada Malvina Lima, 64 anos, se diz ex-assessora da Marta Suplicy e veio de São Paulo para apoiar a presidente. ;Fui exonerada por não compactuar com o golpe. Não tenho nada a temer;, disse. Malvina afirma não pertencer a movimentos populares e acredita ser importante o ato simbólico de levar flores. ;Ela é mulher, merece carinho e respeito. Deu o sangue para que tivéssemos uma vida melhor. Ela é a segunda pessoa (mais importante) depois de Jesus Cristo;, afirmou.
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Com uma bandeira autografada por Dilma a tiracolo, a professora Domane Souza, 57, afirmou ter vindo para mostrar que a presidente não é uma qualquer. ;Ela não está sozinha. Artistas, juristas, historiadores e professores não aceitam o golpe. Sonho com o dia em que haja justiça para pobre e negro;, afirmou.
[SAIBAMAIS]A desconfiança com Temer é uma das principais razões que fizeram os manifestantes irem às ruas. ;Ele já mostrou as pautas, retirará direitos;, protestou a professora Beatriz Cerqueira, 38. A manifestante deixou Belo Horizonte, na madrugada de ontem, com colegas de magistério, para apoiar a presidente afastada.
O empresário André Rhouglas, 55 anos, veio de Minas Gerais e chegou à capital no domingo para participar dos atos. Carregando uma porção de correntes e uma cruz, Rhouglas veio caracterizado de empresário falido a fim de ressaltar a imagem da crise econômica no país. ;Eu participei de todas as manifestações, já cheguei a fazer greve de fome. Agora estamos na reta final, quero sair daqui com um resultado satisfatório para o Brasil;, afirmou.
Os primeiros manifestantes do grupo pró-impeachment começaram a se reunir às 8h. Moradora do Cruzeiro, Auda Magalhães, 61 anos, chegou ao local vestida nas cores verde e amarelo. Auda participou de todos os atos, prometeu ficar até o fim do julgamento e disse que a cooperação das pessoas é essencial para o desenvolvimento do Brasil.
Caminhada
A Esplanada teve mais movimentação à tarde. Integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e frentes, como a Brasil Popular, União da Juventude Socialista e apoiadores diversos da presidenta Dilma Rousseff, saíram do estacionamento do Ginásio Nilson Nelson às 16h30 e seguiram rumo ao Congresso Nacional em ato contra o impeachment.
Segundo a PM, cerca de 1.500 pessoas participaram da manifestação. À noite, mesmo com a saída das pessoas do trabalho, a movimentação não aumentou. Daqueles que desceram à tarde, cerca de mil manifestantes continuaram em frente ao Congresso. As arquibancadas montadas para o desfile do 7 de Setembro se transformaram em uma grande base para os ativistas contra o impeachment. Alguns, segundo a Polícia Militar, estava com material proibido para esse tipo de mobilização, como canos e hastes usadas em bandeiras.
Do lado pró-impeachment cerca de 200 pessoas, segundo estimativas da PM, ficaram em frente do Congresso Nacional, a maioria vestida de verde e amarelo. Eles gritam palavras de ordem como ;Fora PT; e ;Fora Dilma;.