Uma ex-modelo escreveu um texto em seu perfil do Facebook desabafando sobre situações em que modelos são submetidas. Délleny Mourão, 20 anos, teve sua postagem compartilhada mais de 6 mil vezes, e recebeu mensagens de apoio de colegas e internautas.
[SAIBAMAIS] No post, Délleny conta as dificuldades de conseguir as medidas ;certas; para encarar o mercado de modelo. ;Todos os dias me matava em exercícios e com uma alimentação pobre fiquei doente, anêmica. Me perguntava se esse sacrifício valia a pena;, escreveu.
Modelando desde 2014, a jovem teve depressão ao ser acusada de não ter o corpo perfeito para trabalhar: ;Fiquei quase dois meses sem sair de casa, estava muito deprimida. Era um sonho que foi embora sem eu nunca pude ter a oportunidade de apresentar;. Segundo ela, em cinco meses morando em São Paulo com outras modelos, presenciou diversas situações desumanas e criminosas, desde bookers (pessoa responsável por cada profissional) oferecendo laxantes para as colegas, até menores de idade saindo com donos de agências e clientes por trabalho.
Em entrevista ao Correio, a ex-modelo disse que o principal motivo de sua saída da área foi a falta de profissionalismo. ;É um sistema forte e sujo;, afirmou. ;Eu fui desrespeitada por diversos profissionais;. Délleny atribui a culpa ao mundo da moda e o descreve como um ;sistema nojento, antiprofissional e desumano;. ;Uma vez vi um estilista famoso da semana de moda de São Paulo falar em francês palavras chulas e racistas para algumas modelos;, declarou.
Após a postagem viralizar, a ex-modelo recebeu mensagens de apoio dos internautas. ;Você não precisa disso, existe um milhão de coisas que você pode fazer na sua vida sem passar por essa humilhação!”, comentou uma usuária. "Realidade de muitas! Délleny, não desista dos seus sonhos nunca. Parabéns pela sua coragem de se expor e alertar, assim com eu, todas as garotas (o) que têm o sonho de se manter no mundo da moda", publicou outra.
De acordo com a jovem, um dos principais objetivos de ter compartilhado o relato foi alertar as colegas de profissão e outras pessoas que sonham em ser modelo. ;Muitas meninas com suas mentes, suas opiniões e seus sonhos ainda estão nas mãos dessas pessoas. Não é apenas agência A ou B, é um sistema no qual os respnsáveis concordam e participam. É apenas a ponta do iceberg;, finalizou.
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Ouvida pelo Correio, a agência Joy Model Management negou todas as acusações feitas pela ex-modelo: ;Abominamos todas as práticas descritas nas denúncias;. Atuando desde 2008 no mercado, a agência tem sede em São Paulo e conta com casas na capital que acolhem modelos vindos de outros estados. ;Dentro da casa há regras e sempre tem algum profissional cuidando dos modelos, não deixamos elas sem apoio;, afirmou.
Questionada sobre a saúde dos funcionários, uma das denúncias feitas por Délleny, a agência relatou que os cuidados médicos com os modelos são constantes e feitos por profissionais. ;Toda a orientação necessária é dada por médicos, nutricionistas, dermatologistas e psicólogos, que estão à disposição das meninas e meninos. Prezamos pela saúde e bem estar de cada um deles;, frisou.
Sobre o caso da jovem, a Joy Model explicou que o motivo do desligamento com a agência foi por falta de comunicação de Délleny: ;Ela começou a ter problemas na saúde da pele em São Paulo, então nós colocamos profissionais à disposição dela e, depois de um tempo sem melhora, a aconselhamos a voltar para casa enquanto cuidava da saúde e voltava as medidas certas. Acabamos perdendo o contato com ela e a desligamos por essa falta de comunicação.;
A agência disse ainda que as exigências feitas aos modelos existem e precisam ser cumpridas. ;Toda profissão tem seus pré-requisitos para crescer. Os cuidados com a saúde e a aparência são primordiais na área da moda, afinal, é um mercado movido pela aparência;, afirmou. ;A agência e a casa dos modelos estão de portas abertas para todos que quiserem conhecer e constatarem que trabalhamos com ética e respeito;, finalizou.